sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Miriam




Nasceu em Rodeio em 20 de junho de 1935.
Filha de  Marcello Moser e Carolina Fiamoncini Moser.
É a décima primeira filha dos 12  que o casal teve.
Desde cedo foi uma mulher de personalidade forte, dinâmica, alegre. Faz amigos com muita facilidade, sendo sempre uma líder nos lugares onde atua.
Na infância ajudava os pais, os irmãos e irmãs  nos afazeres de casa e no açougue, afazeres estes que não eram poucos, pois  além da casa ser muito movimentada e alegre, era um lugar de passagem de viajantes, padres, amigos, parentes. A mesa farta, sempre era posta para 15 ou mais pessoas.
Fez os estudos fundamentais no Grupo Escolar Osvaldo Cruz  e nesse  mesmo estabelecimento o Curso Normal Regional, em Rodeio.
Lecionou em “Damiana Pico”, aonde ia a pé,  no inicio da semana retornando na sexta feira.
Trabalhou na Prefeitura de Rodeio e no Cartório de Registro Civil.
Ainda solteira participou de belissimas montagens teatrais  que ficaram famosas em Rodeio e região.
Naquela época as  apresentações teatrais  eram  levadas em  cena ou só por homens ou só por mulheres e seus artistas tinham que se revezar em papeis masculinos e femininos. Miriam, sempre alegre e dinâmica representava  comédias  juninas sendo as vezes a mãe da noiva, a nona  etc...
Participou ativamente de  várias outras grandes representações teatrais de Rodeio
·       Cestinho de Flores;
·       Foi Genoveva, a mãe de Santo Agostinho.
·       Foi a primeira Claudia Prócula do Teatro da Paixão em Rodeio, contracenando com Estácio Piseta no papel de Pilatos.
·       Foi a Matrona Romana “Fabiola”, contracenando com sua irmã Iracema no papel da escrava “Syra” que tenta cristianizar sua ama. Num momento do drama, Fabiola apunhala  Syra no peito, matando a num banho de sangue. O truque cenográfico foi tão bem feito pela diretora, e a cena tão bem representada pelas irmãs, que Fabiola (Miriam) e na platéia a mãe delas, Carolina se assustam achando que realmente Iracema (escrava Syra) estava ferida.
Em Rodeio num dia em que descia as escadarias da igreja  conhece seu futuro esposo, o imigrante italiano Adolfo Bonini. Na verdade quem os apresentou foi um parente mas sempre brincavam que teria sido dessa forma.  Foi um namoro tranqüilo e tradicional. O noivo que na época era motorista de caminhão, sempre passava em Vitória- ES, e lá, recém inaugurada, estava a “Fabrica de Chocolates Garoto”. Lembrando sempre da noiva, enviava pelo correio, caixas de chocolate “Serenata de Amor”; desconhecendo que Iracema a irmã mais nova de Miriam trabalhava exatamente na secção dos correios responsável pela distribuição das cartas e pacotes. Para manter o segredo de seu namoro entregava a “metade” das caixas à sua pequena irmã.
Casaram se em 16 de janeiro de 1957 na igreja Matriz de Rodeio, não sem antes a mãe da  noiva fazer  o noivo passar por todo tipo de investigação e até o ultimo instante , ainda na igreja, o fizeram jurar que ele não tinha deixado outra família na Itália.
O Casamento foi realizado durante a semana. Coisa inédita na cidade pois casamentos só eram realizados nos sabados ou domingos. 
Durante o casamento Adolfo ficou sabendo que seu caminhão que estava sob os cuidados de um empregado, sofreu um acidente. Nada acontecelu com o empregado mas o caminhão deu um baita prejuizo. 
Casamento realizado, festa dada, embarca elegantemente com o marido no avião e  partem em lua de mel. Ao chegarem no Rio de Janeiro ficam hospedados no 200 andar do hotel Copacabana Palace  onde se  encontraram com o Tio Vitor, FAbio e outros amigos. O retorno estava programado para irem de onibus mas a noiva insistiu que queria saber como era viajar de caminhão. E assim foram rumo a Juiz de Fora onde escolheram morar. 

Foram morar em  Juiz de Fora,MG, onde nasceram duas de suas filhas : Dóris e Cátia. Enquanto moravam em Juiz de Fora sua sobrinha, Maria Helena (a Ena) de  12 anos veio morar com a família e com o tempo se tornou mais  uma filha do casal.
Em 1968 mudaram se para Belo Horizonte, onde nasce mais uma menina : Carolina.
Viajavam sempre para visitar os parentes e amigos distantes, e essas viagens eram uma oportunidade de exercitarem duas paixões : uma era a de Adolfo dirigir, a outra era de Miriam cantar durante as viagens canções nacionais ou italianas, que recordavam a terra natal. Transmitiram assim às suas filhas o sentimento de amor e a importância das tradições culturais da terra querida.
Em 1976 realizou pela primeira vez seu grande sonho de conhecer junto com seu esposo a terra de seus pais e de seu companheiro.
Uma  das suas grandes paixões  são seus 4 netos: Mariana, Sergio, Giovanna e Fernanda.
Perdeu seu querido e amado companheiro num acidente  em fevereiro de 1994.
Enquanto casada sempre  se dedicou com muito amor e desvelo a sua família; é mãe e nona carinhosa e muito amada pelas filhas, netas e neto, sendo sempre elogiada pelos seus predicados culinários, dotes domésticos e artísticos.
 Sua casa foi e continua sendo um centro de convivência para pessoas amigas, sendo muito freqüentada pelos amigos brasileiros e italianos que cultivou naquela cidade.
Recebe sempre  com muita alegria seus conterrâneos  familiares e amigos  que a  passeio ou a trabalho passam por Minas Gerais.
Na década de 1970, sem a internet,  obter  informações  era um trabalho árduo; auxiliou  sua querida irmã  Iracema,  na coleta de algumas musicas, costumes e trajes típicos para o resgate  da italianidade de Rodeio, trabalho este que é uma constante em sua vida.
Organizou a visita e uma famosa apresentação do Grupo Folclórico de Rodeio para Belo Horizonte e Lagoa Santa, onde se apresentaram com sucesso para uma exigente platéia de italianos, descendentes de italianos, e amigos.
Com suas habilidades artísticas esta sempre pronta para aprender algo a mais por isso também participou do restauro do painel da Igreja  Matriz de Rodeio, intitulado “ET INCARNATUS EST” de autoria do artista alemão Lorenz Johannes.
Após a morte de seu companheiro fundou e foi a Primeira Presidente do “Circulo Trentino em Belo Horizonte”, organizando diversos encontros festivos e musicais para reunir simpatizantes e descendentes Trentinos.
Trabalha ativamente nas obras assistências para a Igreja Local onde é pessoa querida  e muito requisitada  pelo seu empenho, organização, liderança e alegria.
Sempre que possível volta à amada terra onde nasceu para visitar as pessoas queridas que ali deixou, sempre divulgando o nome de Rodeio e seu amor pela terra onde nasceu.




 
Casamento de |Miriam e Adolfo em 1957

terça-feira, 9 de setembro de 2014

O DIALETO NA INFANCIA

Nas férias eu ia para a cidade natal de minha mãe;  Rodeio - Santa Catarina. Meu bisavô viera de "Faida di Piné", Trento, Itália, imigrando para o Brasil como um colonizador da cidade.

Em Rodeio morava a minha "nona", minha "Tia Cema" e outros queridos tios, tias, primos, primas e amigos.

Lá os costumes eram completamente diferentes da cidade onde eu vivia, eu só ouvia as pessoas conversarem em italiano. Tudo era diferente... o estilo das casas, os ranchos de madeira nos fundos das casas, o açougue de meus tios, o fogão a lenha. Tudo tinha um cheiro diferente, o ar era perfumado e podia se sentir o cheiro da lenha sendo queimada nos fogões. 

Na maioria das casas o banheiro ficava nos fundos das casas; as famosas "patente".  Um "pinico" ficava debaixo da cama para não que não precisássemos sair da casa durante a noite e ir até a patente pois ou o  frio,ou o sono, o medo do escuro tiravam a nossa "coragem" .

O banho era tomado em uma grande bacia de aluminio, o chamado banho de "canequinha".

Em criança, eu tinha certeza que ali era a  "Itália!

O texto abaixo faz parte do livro que minha querida tia Cema escreveu. Tenho a autorização dela para transcreve-lo e tenho certeza que voce vai gostar:


"Como primeira língua, o dialeto se impôs fortemente na infância das primeiras gerações através da comunicação oral, prevalentemente no seio familiar, além da exploração regular de inúmeras poesias, cantilenas,adivinhações, histoiretas e inúmeras brincadeiras em momento de lazer.
As cantilenas ou filastrocche eram formas prosaicas ou poéticas de lengalengas, ora suaves, ora enfadonhas, ora engraçadas, quer serviam de instrumento oral para entreter as crianças nas suas inocentes situações infantis. As adivinhações ou indovinelli mantinham as crianças atentas e curiosas, principlamente nos dias invernais ou chuvosos, em que as condições de tempo e espaço deviam manter as crianças mais brigadas. Eram forams simples e interessantes de entretê-=las e que contribuíam espontaneamente à ativação e ao desenvolvimento do raciocínio. 

Seguem alguns modelos simplórios arquivados oralmente na memória de nosso povo e que imprimiram o saudosismo da infância de outrora, terna e distante:

 - El Tonin lè ná sui copi, a zercar i ovi rossi,
ovi rossi no ghe n´éra, el Tonin el casca en tera,
e so mare meza mata, a repezarghe la culata (Há outras versões)
(Cantilena que fala de Antoninho, um menino peralta que sobe nas árvores para procurar ovinhos vermelhos. ele cai por terra, rasgaas calças e sua mãe desesperada acorre para remendá-las)

2- Córvo, corvàcio, fa la tonda al me palazio
Se staserano te la farai, doman matina te creperai. ( Ine - fragmento de historieta)
(Cantilena que expressa uma maldição - por isso a invocação do corvo, ave de mau agouro)

3 - Tan ´de naz, tan´de past, tan´de bis, tan´de sghit, long´cosi. 
( uma brincadeira com o nariz)
(Brincadeira na qual o adulto fazia trejeitos no rosto das criancinhas)

4 - La luce infinita, il sol tramontò,
Un giorno di vita, anca oggi passò. ( Ine - trovinha da Esola Italiana)
(Expressão poética: A luz infinita, o sol desceu; um dia de vida também hoje passou)

5 - Son venuto da Monte Belo, su´n cavalo e un asinelo
e lo fato ben trotar, per venirte ritrovar. ( a criança cavalgando no colo do vovô)
(Eu vim de Monte Belo, num cavalo e num asno, eu os fiz trotar, para vir te visitar) (poesia)

6 - Andemo ala guerra, con sciòpi de terra, con sciópi de man, pichen pan! ( Brincadeira de marcha)
(Vamos a guerra, com espingarda de barro, com espingarda de mão, pimpão) ( Em marcha)

7 - Storia memoria, che la dura molto tempo, che mai la se destriga 
(Vot che te la conta, o vot che te la diga ? - Dimela ! ( Para recomeçar sempre a mesma historieta)
(História, memóira, que dura muito tempo, que nunca se extingue. Queres que eu te conte ou queres queeu te diga ? Diga-me) . ( cantilena repetitiva, que aborrecia as crianças)

8 - Pindolin, che pindolava, pelosin che lo vardava,
Se ´l pindolin fussa arent, pelosin saria content. ( indovinello : Araci Pasqualini)
Resposta : o gato e o salame
(Pindolin em dialeto se refere ao salaminho pendurado. Pelosin refere-se ao gatinho olhando para o salame. o trocadilho traduz-se em : Salaminho balançando, gatinho observando; se o salaminho estivesse perto, o gatinho estaria contente. Obviamente a tradução não favorece a rima original do italiano)

9 - Santa Kycuam nana nuam oirta riba ´n casa nuam
Se la mama no la ghe´n mete, resta voide le scudelete.
Co´la tasca del papá, Santa Lucia vegnirá. ( filastrocca para a noite de Santa Lúcia, 13 de dezembro, quando as crianças colocavam o pratinho com açúcar na janela, à espera dos doces pintados. Acreditavam que a santa era cega, guiada por uma mulinha que passava pelas casas das crianças obedientes prenunciando o Natal).
(Santa Lúcia minha mãe, traz presente em minha casa, se mamãe não colocar, a bacia fica vazia. Com a carteira do papi, Santa Lúcia virá)

10 - La rasa, la sgrasa, la gira per casa,
Tuti i la sente e nessun´i la vede . (Indovinello: Araci Pasqualini)
Resposta : gases, fedor.
( O cheiro de gases percorre os recantos da casa, todos sentem os odores mas ninguém os vê)

11 - Velo dico, velo trovo, velo torno a dir de novo, e no ve lo dico più. (Indovinello: Anice Tambosi)
Resposta : O véu, usado na igreja pelas mulheres.
( Trocadilho de difícil tradução resultante de palavrasdialetais análogas: velo = véu, o qual se confunde com o pronome "vós".)

12 Recia drita, parola maldita, recia sanca, parola franca.( simpatia: coceira na orelha direita, alguém estava falando mal da gente; na esquerda, bem).

Existem também exp0ressões de caráter profano, não consideradas obscenas, reveladas intimamente como formas corriqueiras, escancaradas e hilárias, que provocavam naturalmente a libertinagem do dialeto nasvariadas interpretações sobre a fisiologia humana. Por exemplo : Gambe aiuteme e cul vègneme drio, expressando que a pessoa está com pressae por isso anda ligeiro. Ou esta : Tromba di culo, sanità di corpo, aíuteme culo, senò son morto, expressando a necessidade dalibertação de gases, uma crença antiga para o bom funcionamento do aparelho digestivo. "

(Histórias e Memórias de Rodeio - Iracema Maria Moser Cani - Ed. uniasselvi - 2011- Pag 251)

BRASA SCUERTA e outras Expressões do "TALIAN"



Existem pessoas que demonstram ter uma determinada personalidade mas na verdade são bem diferentes daquilo que aparentam mas não chega a ser uma distorção de caráter.

A minha família, originaria do Norte da Itália,  tem um termo para elas que eu sempre achei perfeito "Brasa Scuerta", ou seja "brasa encoberta", "brasa coberta de cinzas". 

Mas exatamente o que é uma brasa coberta de cinzas ?

É aquela brasa que parece que esta fria, não tem mais fogo para arder... mas é só você soprar que o fogo revive com força total. 

Usamos este termo para aquelas pessoas que parecem mansas mas de repente ficam furiosas, ou para aquela menina tímida que de repente se mostra muita desenvolta. Pode significar  também  um amor que parecia ter acabado e de repente renasce. 

Ao acaso encontrei uma tradução para esta expressão que não corresponde a minha interpretação da mesma. As traduções que encontrei dizem que a expressão quer dizer que a pessoa é falsa, hipócrita, dissimulada e até mesmo bruta ! Absolutamente não tem este componente negativo... pelo menos no meu entender.  

Nesta minha busca achei um estudo sobre o "Italianismos no Português da Serra Gaúcha: Análise dos Adjetivos", de Carmen Maria Faggion (UCS), publicado no Livro de Resumos do II Congresso Internacional de Dialetologia e Sociolinguística. Nele encontrei algumas expressões que usamos sempre e resolvi colocar aqui em uma lista.


A autora comenta o fato de os descendentes de imigrantes usarem esses adjetivos pejorativos na  fala “ bilíngue”.  E diz que ficou "instigada" porque eles,  (nós), mantemos esses adjetivos de cunho negativo em nosso dialeto para expressar ideias negativas e que :

"talvez a maior fonte de novas palavras, os empregos do Talian na frase portuguesa referem se muitas vezes a tradições e costumes ancestrais, mantidos somente em zonas rurais, e revelam desprezo por certas características culturais dos antigos imigrantes, tais como suposta ganancia (ligada á ideia de pobreza e de estrita economia, presente nos primeiros anos) e apego ao mundo rural". (1)

Será ?

Eu acredito que não! Para mim essas expressões são comumente usadas em família, com pessoas de nossa intimidade, amigos e demonstram um componente aglutinador dos descendentes dos imigrantes.

Para mim é uma forma de “reverenciar” a tradição .


E o que você acha ?


baúco  - tolo
tchuco - bêbado
baloteiro - mentiroso
brontoloão - resmungão
testa grossa - estupido
testa dura - teimoso
testa cruda - bobo
porta esquite - fofoqueiro
agro - irritado ( acrescento, azedo)
beco - mal humorado ( ou seja bicudo)
bem-piantá ou bem tchapá - em situação dificil ( bem feito)
bom d´anhente - pessoa sem habilidade ( bom de fazer nada)
brasa scuerta ou bronza scuerta - dissimulador
bruto - feio
colono - pessoa de pouca instrução
endormensado - distraido 
lasarom - preguiçoso
panotcha - ingenuo
pegro - preguiçoso



(1) http://www.youblisher.com/p/416151-Livro-de-Resumos-II-CIDS/

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Meu pai, sábado e a revista Manchete

Quase todos os sábados eram assim!
Ele chegava  do trabalho, almoçava , descansava.
Acordava lá pelas 2 ou 3 horas da tarde e já vinha com a carteira na mão.

Chamava uma das filhas ( tinha 3), abria a carteira e entregava  o dinheiro para uma delas ir até a banca e comprar a revista “Manchete” ou "Cruzeiro".

O dinheiro  era suficiente para comprar umas 3 ou 4 revistas iguais.
Não recusávamos, nunca, pois na volta ele sempre nos dava o “troco” do dinheiro que era “mais que suficiente” para o nosso fim de semana.

Não sei se era proposital, mas hoje, vejo neste gesto uma sabedoria:

A primeira é  que temos de fazer algo para ganhar nosso dinheiro,
 a segunda é que voltávamos calmamente para casa folheando a revista.

Estávamos sempre atualizadas com as noticias e com dinheiro no bolso!

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Freddo e Polenta


"E giá che sole non há, 
facciamo una bella polenta!
Gialla i calda come il sole !
Una fortaia ligera, tante toche di formaggi brustolat,
insieme a due o tre guatti nel burro...
Eco, adesso si... la notte fredda diventa bella!"





sábado, 28 de junho de 2014

O Brasil foi um dos paises que recebeu o maior numero de imigrantes italianos

Casa em Trento, Itália.
Pertenceu a Antonio Moser, imigrante italiano que a vendeu
quando veio para o Brasil - 1875 
"O Brasil foi um dos países que recebeu o maior número de migrantes italianos. 

Um dos fatores que proporcionou esta grande demanda foi à política de colonização baseada na lei de terras de 1850, que incentivou a imigração. 

O estado (império) passa a reafirmar o poder sobre as terras devolutas, e declara extinta a lei de doações de terras através de sesmarias. 

No caso do Rio rande do Sul, houve uma imigração formada por pequenos núcleos (pequena propriedade).

 Em São Paulo os imigrantes italianos substituíram a mão-de-obra escrava nas grandes plantações.

 O interesse do estado em modificar as estruturas da sociedade brasileira, recorrendo aos povos europeus para cultivar a pequena propriedade não agradou aos grandes proprietários de terras. 

Os mesmos temiam um confronto com o novo modelo de propriedade. (BONI, 1984, p. 23)

Trecho retirado da monografi de graduação de Joselaine Aparecida Garlet Tura em :

quarta-feira, 23 de abril de 2014

A Viagem Marítima ( Imigraçao Italiana - Trentinos)

Imigrantes (1875) e seus primeiros filhos nascidos no Brasil. Em pé : Antonio Dee Pin ( de Luigi), Massemino Moser ( de Nicolà), Antonio Tonet ( de Francesco), Benniamino Fruet ( de Valentino), Germano Depiné ( de Carlo), Luiggi Sardagna. Sentados : Giovanni Battista Fiamoncini ( nonno Titi - de Bernardo, Nicola Moser, Giovanni Tonet, Valentino Fruet, Giacomo Furlani. 
“As viagens por mar eram tristíssimas, dolorosas. Os navios deviam comportar 300 pessoas; no entanto era normal o amontoamento de até 800 pessoas. Crianças e velhos morriam doentes, fragilizados, consumidos. Os imigrantes vinham “enlatados como sardinhas”, tudo em função do lucro perseguido pelos agentes da imigração, famintos de suas comissões financeiras. Vinham aglomerados em “buracos de ratos”, no dizer dos próprios imigrantes, ou em “ninhos de aves” (Grosselli), disputando o espaço com animais, o que contribuía para disseminar e acelerar as epidemias em plena travessia. Casos de infecções várias, estados febris agudos, atingiam crianças e adultos. Velhas feridas se complicavam e se reabriam exalando o seu odor pútrido, e que fatalmente se transformariam depois nas dolorosas erisipelas (zipra, rosapila, assim como as constantes icterícias ( mal zald), que atingiria dezenas de pessoas. Mulheres grávidas davam à luz, esposas desesperadas atiravam-se nos braços dos maridos suplicando que retornasse. Pouco a pouco, mais e mais mortes ocorriam. Os que morriam eram “ensacados” e jogados no mar; às vezes com os corpos ainda quentes, iam direto para as bocas dos peixes. Os trentinos, por serem muito católicos, organizavam o funeral religioso, rezando e cantando para “elevar ao céu” as almas que partiam deste mundo para sempre. As tempestades e o calor do Equador, a comida escassa, a “nostalgia”, eram fatores que acresciam ainda mais o sofrimento pela perda dos entes queridos, formando-se o pânico no íntimo dos pobres imigrantes diante das tragédias que se sucediam impiedosas. De acordo com a legislação francesa, só havia médicos e remédios nos navios que partiam de Marselha e Le Havre; para os que embarcavam em porto italiano não havia essa providência, porque a lei italiana não previa. A travessia durava 30 dias em média, com navios a vapor. Com navios a vela a viagem podia durar até 60 dias. Também podia ocorrer, às vezes, o retorno ao porto de embarque quando as embarcações  apresentavam avarias, ou desvios de rota por causa dos ventos,  ou perda do destino, como no caso do veleiro “Gabriella”.
As crianças que nasciam nos navios eram registradas no Brasil. No registro oficial eram inscritos apenas os chefes de família e os solteiros. Eles eram conduzidos até as hospedarias com todos os familiares, no aguardo do seu destino final. Na lista de recepção dos imigrantes de 1875 verifica-se uma forte incidência de nomes tiroleses – a maioria agricultores, entre os quais carpinteiros, alfaiates, ferreiros, jardineiros, mineiros, maquinistas, marceneiros, fabricantes de carros, de tijolos, um ou outro cozinheiros, agrimensor, carroceiro, envernizador e molineiro. Isto nos dá suporte à tese de que nem todos eram analfabetos ou desqualificados. Essas profissões sugerem que a leva trazia gente com determinados conhecimentos, com fundamentos básicos de escola ou de técnica italiana.
( Trecho do livro : Histórias e Memórias de Rodeio, Iracema Maria Moser Cani – Ed. Uniasselvi

Porque Coelhos e Ovos São Símbolos da Páscoa?

            ( Por: Dóris Bonini) Existem muitas explicações sobre "ovos" e "coelhos" como símbolos da Páscoa mas,  para ...