sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Histórias de Medo e Assombração / Lili do tio Angelo


Uma Assombraçao Amiga


Joana morreu.

Maria, amiga de Joana estava muito preocupada para onde a alma de Joana havia sido levada.

Teria ido para o céu? Estaria no inferno ou no purgatório?

Assim se passaram dias.

Certo dia Maria estava entretida com seus afazeres domésticos quando vê uma mulher toda vestida de branco pairando no meio da sala de jantar perto do baú de madeira que trouxera da Itália com seus pertences.

Passado o espanto, mas ainda assustada Maria reconhece naquele fantasma sua amiga, a falecida Joana.

Com muito custo consegue lhe fazer a pergunta:

- Stai Bem? (Voce esta bem?).

Joana não lhe responde porem apoia a mão direita sobre o baú de madeira e em seguida desaparece. 

Assim que o fantasma de Joana se dissolve no ar, Maria vê sobre o baú a figura impressa de uma mão. A figura parecia ter sido impressa com fogo. Maria perplexa concluiu que a amiga estava tão, mas tão quente que só podia estar no inferno e começou a rezar.



A Velha que mora no Poço


Nos primeiros tempos após a imigração as mães tinham muitas tarefas a fazer além de tomar conta das várias crianças que nasciam.
Tinham que lavar, passar, costurar, rezar, plantar, colher, preparar a comida etc... Eram tantos os afazeres que não tinham tempo de cuidar das crianças como se cuida hoje.

 Para piorar a situação a própria casa e seu entorno eram locais perigosos: o fogão a lenha, as ferramentas nos ranchos, as escadas, rios e riachos, cobras e outros bichos que vinham do mato, índios, e o poço, mágico!

O poço de agua, tão útil e necessário para o raro conforto dos imigrantes era uma atração especial para as crianças pequenas. Aquela manivela que fazia o balde descer e subir cheio de agua era uma deliciosa brincadeira...  Uma brincadeira perigosa.

O que fazer para que as crianças não escapassem enquanto a mãe trabalhava e fosse lá na beira do poço?

Como faziam nossas nonas para que as crianças não se aventurassem nesses locais sozinhas?

A estratégia era atemoriza-las:

- Não chegue perto do poço, pois lá dentro mora uma velha. Se você chegar à beira do poço ela te puxa e você tem de morar com ela para sempre!

Até hoje, os adultos que foram atemorizados com essa historia quando eram crianças,quando chegam perto de um poço sempre pensam na velha que mora lá embaixo...

Il Nonno Del Recin



Pouco sei sobre Luigi S.

Sei que imigrou para Rodeio – SC com seus pais, meus trisavôs, de Cognola, Província de Trento em 1875. Ele era irmão de minha bisavó: Vittória (S.) F.

Não sei se ele me conheceu... Eu não o conheci.

Em 1961, quando ele morreu eu tinha 2 anos.

Só ouvi falar dele... Il “Nonno Del Reccin”, traduzindo: O “Avô do Brinco”.

Ele chegou ao Brasil com seus 8 anos de idade. Já veio com eles e os usou durante toda a vida.  Ficou conhecido assim: Il Nonno Del Reccin!

É um mistério que ainda ninguém soube esclarecer: Porque um menino com 8 anos de idade, filho de colonos, chega ao Brasil usando um brinco em uma das orelhas e o usou até o fim de sua vida?

Meu pai contava que seu nono usava um brinco na orelha. O motivo? Bem... ele era colono. A foice era o instrumento de trabalho.  Na lida do campo a combinação “aliança x foice” podia resultar na perda de um dedo. Por este motivo ele usava um brinco em uma das orelhas ou seja : significava que ele era casado.

Piratas tambem usavam brincos, mas nenhum desses motivos cabe na historia de Luiggi.

Com mais pesquisa achei dois prováveis motivos para os brincos em Luigi:

1 – Diante de algumas situações de risco de vida algumas pessoas colocavam um brinco de ouro em uma das orelhas para o caso de morrerem. O ouro do “brinco” custearia as despesas de um enterro católico digno.
Como a família de Luigi imigrou para o Brasil e a travessia por mar era perigosa,  com risco de vida, essa poderia ser a resposta. Mas porque não colocaram brincos nas outras crianças? Descartei essa opção.

2 – Essa opção é mais plausível: Naquele tempo as superstições explicavam com certa facilidade aquilo que hoje em dia, em muitos casos, a ciência tem uma explicação.  Segundo relatos que ouvi, naquele tempo alguns médicos aconselhavam o uso do brinco para pessoas que tinham problemas de “visão’, especialmente para casos de “miopia”“. Acreditavam que um buraco lóbulo da orelha faria com que a vista não “diminuísse”.

Será que esta é a resposta para Il Reccin Del Nonno Luiggi ? Ou será que foi uma promessa ?

E agora... chi lo sá?

Você tem alguma ideia? Alguma sugestão? Conte-me!




POR UM TRIZ !

Esq  p/ direita:Carolina Fiamoncini (Moser), Vittoria Sardagna (Fiamoncini). Rosa Fiamoncini (Sardagna)

Meu trisavô “Giorgio Sardagna”, casado com Maria Cainelli, nasceu em um pequeno lugarejo chamado Cognola na província de Trento.

Em 1875 o casal imigrou para o Brasil (Rodeio) com seus filhos: Maria, Domenica, Vitória, Luigi e Tereza.

Vitoria ou a nossa “Nonna Vitória” se casou em Rodeio (Blumenau?) com Giovani Batista Fiamoncini e tiveram vários filhos entre eles a Nona Carolina e a Tia Rosa (Nona Rosa) mãe da Lili que me confirmou essa historia que passo a relatar.

Em meados do século XIX inúmeras doenças (malattie) acometiam e sacrificavam a população da “frazione di Cognola”. Segundo relato da Lili, uma das doenças que mais atemorizava os habitantes da região era a “pontura” (1) pois ela fazia inumeras vitimas.

A “história” é que um belo dia o menino Giorgio (meu trisavô) foi encontrado desfalecido e todos acreditaram que ele estava morto. (2)

Como era costume local colocaram o pequeno corpo em cima da mesa de jantar da família para o velório.  Em volta da mesa, mulheres e homens choravam, rezavam e aguardavam a hora do enterro. As velas tremulavam ao lado do pequeno corpo.

As horas se passaram e já se preparavam para enterrar a criança quando alguém pediu que se esperasse um pouco mais para dar tempo da madrinha do menino chegar e se despedir do afilhado. Era o costume !

- No dá per spetar neolim? (Não dá para esperam um pouquinho?).

Resolveram esperar até que a madrinha de Giorgio chegasse!

Por fim, quando a madrinha chegou, ela imediatamente foi se despedir do afilhado. Ao chegar perto do pequeno corpo que estava em cima da mesa ela o beijou e assustada falou:

- Ma comare, lel dreu che il tira il fiá! (Comadres! Ele esta puxando a respiração!).

Provavelmente, um pouco assustada mas cheia de esperança a madrinha pega um pequeno espelho e coloca sob o nariz da criança...

O espelho ficou embaçado.

Giorgio estava vivo!

Bem, acho que não preciso dizer que depois de um tempo "Giorgio" se recuperou; caso contrario, nós,  não estaríamos por aqui...

Tambem não sei que mal o acometeu...

Se alguém souber algo a mais sobre esta história eu peço : me contem !


(1) - Segundo me relatou a Lili, uma das doenças que mais atemorizava os habitantes da região era a “pontura”. Apesar dela não saber o que era a “pontura” na pesquisa que fiz encontrei a seguinte citação:
 “Mal mortal, “Febre mal de “pontura” – Pleurite devida a uma infecção pulmonar”.
Não tenho certeza se era isso. Pode ser que a tal pontura se refira tão somente a  temida “mordida de carrapato” e a transmissão da “febre maculosa” que ainda causam medo em pleno século XXI.
Fonte: http://www.ispf.cnr.it/system/files/download/testionline/AntropologiaeScienzeSocialiaNapoli.pdf(“... «i mali mortali»... febbre da mal di pontura [pleurite dovuta a infezione polmonare


(2) - Este relato é fruto de conversas que tive com Lili e com minha mãe, Miriam. Minha mãe contava essa historia como se tivesse acontecido com a Nonna Vitoria (filha de Giorgio). Depois, conversando com a tia Cema ela lembrou que quando a Nonna Vittória morreu não foi comentado essa passagem na vida dela.

- Doris, se esse fato tivesse acontecido com a Nonna Vittória, quando ela faleceu, nas conversas ao lado do fogão, com certeza alguém teria comentado e eu me lembraria.

Perguntei então para a Lili, pois a Nona Vittória morreu na casa da mãe dela.  Ela então lembrou que a Tia Rosa contava essa historia, mas que o fato tinha acontecido com o pai da Nonna Vittória: Giorgio Sardagna.  09/2016

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            ( Por: Dóris Bonini) Existem muitas explicações sobre "ovos" e "coelhos" como símbolos da Páscoa mas,  para ...