quarta-feira, 13 de abril de 2022

Carmènére - Minha uva preferida

 Desde a primeira vez que tomei um vinho CARMENERE eu fiquei apaixonada pelo aroma e sabor.

 Lembro-me da sensação. Era como se eu estivesse tomando pela primeira um vinho de verdade. Foi estranho.  Fiquei tão intrigada que fui em busca de mais informações sobre essa uva e acabei encontrando uma historia superinteressante.

Estudiosos dizem que a uva Carmènére, apesar de não ser a uva mais apreciada pelos antigos romanos, é a uva que chegou até nós com o sabor mais próximo do vinho que eles tomavam.  Originaria da Espanha ou Portugal foi levada ainda nos primeiros anos após a era crista para a região francesa de Bordeaux.  Desapareceu no século XIX com a praga que dizimou a indústria do vinho na Europa e só reapareceu para espanto dos especialistas, no Chile em 1994. Cientistas acreditam que ela tenha chegado ao Chile antes da praga atingir as vinhas da Europa e ficou isolada do mundo pela Cordilheira dos Andes que a protegeu.

 Não sabemos exatamente onde o vinho nasceu. Acredita se que tenha se desenvolvido em diversas partes do mundo, mas principalmente na Ásia.

 Existe uma lenda que diz ter sido descoberto por uma mulher.

Ah!  As mulheres! Responsáveis pela descoberta do vinho e da cerveja. Começo a crer que temos que fazer uma correção em alguns livros: Não Fo uma maça! Foi uva e cevada. Vinho e cerveja.

Pensando bem, a gente sabe que há milênios fazem libação com vinho.  O vinho sempre simbolizou o sangue. Já a cevada para mim representa o pão, o corpo, o material.  O vinho alimenta o espírito, a alma.   A cerveja (pão liquido) era o alimento do corpo e ajudou a construir as pirâmides, conventos e sabe se lá mais o que. O vinho lembra algo mais sofisticado. A cerveja mais popular. Cristo usou o pão e o vinho para fazer se lembrado. Abençoou.  O corpo e o sangue. Penso muito em toda essa simbologia, mas vou parando por aqui nesta reflexão.  

Voltando a mulher que descobriu o vinho, ela era uma princesa Persa que se sentindo rejeitada pelo rei resolveu se suicidar com suco de uva estragado. Ao invés de morrer ela ficou tão alegre que acabou reconquistando o Rei. Grande descoberta.

Já o antigo testamento nos diz que após o grande dilúvio, assim que puderam sair da Arca, Noé e seus filhos plantaram uma videira.  Ainda bem que plantaram.

O certo é que foram os romanos que expandiram o cultivo e o consumo da uva nos territórios conquistados: Europa e Norte da África.

No século XIX, precisamente em 1862 um tal de Monsieur Borty recebeu para pesquisa umas mudas originarias da America do Norte e as plantou no seu quintal no Languedoc.  Acreditam que junto com as mudas ele trouxe junto uma a terrível praga: Filoxera. Uma espécie de pulgão que se espalhou em toda a Europa.

Em poucos anos todos os vinhedos da Europa e principalmente os da França, Espanha e Portugal foram atacados pela terrível praga dizimando culturas inteiras de vinhos e exterminando diversas variedades de uva. Esta praga levou a fabricação de vinhos da França a ruína. Até então o conhaque e os vinhos eram as bebidas preferidas no mundo.

O vinho em poucos anos se transformou numa bebida cara e difícil de obter.

Foi exatamente neste período que nos Estado Unidos o Whisky feito do centeio se expandiu.  Foi também nesta época que bebidas alcoólicas feitas com ervas foram desenvolvidas. O absinto é um exemplo. Ele se tornou a bebida preferida dos artistas.  Alguns atribuem ao absinto o estilo de pintura e arte desenvolvida por eles que demonstravam os “distúrbios psicológicos” que alguns possuíam.

Muitas pesquisas e alguns anos depois eles finalmente conseguiram contornar a destruição dos vinhedos fazendo enxertos nas vinhas remanescentes e com o tempo o vinho foi reaparecendo nas prateleiras porem ele não tinha mais o mesmo volume de venda como no passado. Foi então que os produtores de vinho resolveram demonizar o Absinto dizendo ser ele o responsável pelas alucinações dos artistas. O Absinto só foi reabilitado em 2007.

Enquanto isso no mundo não existia mais nenhuma uva como a que existia no passado. Todas eram (e são) enxertadas. Existem uma ou duas cepas que os especialistas especulam a possibilidade de serem antigas, mas ainda não há uma conclusão definitiva.

Enquanto isso o Chile que recebeu muitos imigrantes europeus foi desenvolvendo uma vinicultura que ano a ano se aprimorava e a uva Merlot se destacava.  Porem um detalhe intrigava os viticultores.  Alguns frutos da uva que eles acreditavam ser a Merlot tinham um tempo de amadurecimento bem mais longo que o usual.

Somente em 1994 que uma equipe de especialistas realizou um exame de DNA nas mudas viniferas e constatou que durante 150 anos os vinhos Chilenos foram rotulados com o nome de sua casta de forma errada. Rotulavam Merlot, mas era Carmènére.  Hoje, 90 % da produção da uva Carmènére se originou no Chile e ela se transformou no símbolo do Chile.

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