Desde a primeira vez que tomei um vinho CARMENERE eu fiquei apaixonada pelo aroma e sabor.
Lembro-me da sensação. Era como se eu estivesse
tomando pela primeira um vinho de verdade. Foi estranho. Fiquei tão intrigada que fui em busca de mais
informações sobre essa uva e acabei encontrando uma historia superinteressante.
Estudiosos dizem que a
uva Carmènére, apesar de não ser a uva mais apreciada pelos antigos romanos, é
a uva que chegou até nós com o sabor mais próximo do vinho que eles tomavam. Originaria da Espanha ou Portugal foi levada
ainda nos primeiros anos após a era crista para a região francesa de Bordeaux. Desapareceu no século XIX com a praga que
dizimou a indústria do vinho na Europa e só reapareceu para espanto dos
especialistas, no Chile em 1994. Cientistas acreditam que ela tenha chegado ao
Chile antes da praga atingir as vinhas da Europa e ficou isolada do mundo pela
Cordilheira dos Andes que a protegeu.
Não sabemos exatamente onde o vinho nasceu.
Acredita se que tenha se desenvolvido em diversas partes do mundo, mas
principalmente na Ásia.
Existe uma lenda que diz ter sido descoberto
por uma mulher.
Ah! As mulheres! Responsáveis pela descoberta do
vinho e da cerveja. Começo a crer que temos que fazer uma correção em alguns livros:
Não Fo uma maça! Foi uva e cevada. Vinho e cerveja.
Pensando bem, a gente
sabe que há milênios fazem libação com vinho. O vinho sempre simbolizou o sangue. Já a cevada
para mim representa o pão, o corpo, o material. O vinho alimenta o espírito, a alma. A
cerveja (pão liquido) era o alimento do corpo e ajudou a construir as pirâmides,
conventos e sabe se lá mais o que. O vinho lembra algo mais sofisticado. A
cerveja mais popular. Cristo usou o pão e o vinho para fazer se lembrado.
Abençoou. O corpo e o sangue. Penso
muito em toda essa simbologia, mas vou parando por aqui nesta reflexão.
Voltando a mulher que
descobriu o vinho, ela era uma princesa Persa que se sentindo rejeitada pelo
rei resolveu se suicidar com suco de uva estragado. Ao invés de morrer ela
ficou tão alegre que acabou reconquistando o Rei. Grande descoberta.
Já o antigo testamento
nos diz que após o grande dilúvio, assim que puderam sair da Arca, Noé e seus
filhos plantaram uma videira. Ainda bem
que plantaram.
O certo é que foram os
romanos que expandiram o cultivo e o consumo da uva nos territórios conquistados:
Europa e Norte da África.
No século XIX, precisamente
em 1862 um tal de Monsieur Borty recebeu para pesquisa umas mudas originarias
da America do Norte e as plantou no seu quintal no Languedoc. Acreditam que junto com as mudas ele trouxe
junto uma a terrível praga: Filoxera. Uma espécie de pulgão que se espalhou em
toda a Europa.
Em poucos anos todos os
vinhedos da Europa e principalmente os da França, Espanha e Portugal foram atacados
pela terrível praga dizimando culturas inteiras de vinhos e exterminando diversas
variedades de uva. Esta praga levou a fabricação de vinhos da França a ruína.
Até então o conhaque e os vinhos eram as bebidas preferidas no mundo.
O vinho em poucos anos
se transformou numa bebida cara e difícil de obter.
Foi exatamente neste período
que nos Estado Unidos o Whisky feito do centeio se expandiu. Foi também nesta época que bebidas alcoólicas feitas
com ervas foram desenvolvidas. O absinto é um exemplo. Ele se tornou a bebida preferida
dos artistas. Alguns atribuem ao absinto
o estilo de pintura e arte desenvolvida por eles que demonstravam os “distúrbios
psicológicos” que alguns possuíam.
Muitas pesquisas e
alguns anos depois eles finalmente conseguiram contornar a destruição dos
vinhedos fazendo enxertos nas vinhas remanescentes e com o tempo o vinho foi
reaparecendo nas prateleiras porem ele não tinha mais o mesmo volume de venda
como no passado. Foi então que os produtores de vinho resolveram demonizar o Absinto
dizendo ser ele o responsável pelas alucinações dos artistas. O Absinto só foi
reabilitado em 2007.
Enquanto isso no mundo
não existia mais nenhuma uva como a que existia no passado. Todas eram (e são)
enxertadas. Existem uma ou duas cepas que os especialistas especulam a
possibilidade de serem antigas, mas ainda não há uma conclusão definitiva.
Enquanto isso o Chile
que recebeu muitos imigrantes europeus foi desenvolvendo uma vinicultura que ano
a ano se aprimorava e a uva Merlot se destacava. Porem um detalhe intrigava os viticultores. Alguns frutos da uva que eles acreditavam ser
a Merlot tinham um tempo de amadurecimento bem mais longo que o usual.
Somente em 1994 que uma
equipe de especialistas realizou um exame de DNA nas mudas viniferas e constatou
que durante 150 anos os vinhos Chilenos foram rotulados com o nome de sua casta
de forma errada. Rotulavam Merlot, mas era Carmènére. Hoje, 90 % da produção da uva Carmènére se originou
no Chile e ela se transformou no símbolo do Chile.
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