sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Honorato F. ou Fra Benedetto

Irmão da Nona Carolina. 
Foi para Salvador - Bahia, no convento dos Franciscano para se tornar padre.

Diziam que ele tinha uma grande vontade de se tornar padre.
Nasceu em Rodeio em 25/10/1896 e morreu de febre amarela em 04/1919 - Salvador – Bahia.
Está enterrado no cemitério da Ordem do Franciscano na Bahia.

Fra Benedetto morreu aos 23 anos e contam que sua mãe, a Nona Vitória teve um pressentimento na noite que ele morreu.

Naquele tempo as pessoas não tinham banheiros dentro de casa e durante a noite eram obrigadas a fazer suas necessidades em “pinicos" o que deixava o quarto com um cheiro nada agradável.
Nona Vitória acordou durante a noite para esvaziar pinico, jogando seu conteúdo no córrego que passava bem ao lado da casa, dentro do quintal. Ao sair teve uma visão de um padre que andava, se equilibrando em cima da cerca.
Assustada voltou para dentro de casa e preocupada contou o fato ao Nono Titi (Giovanni Batista Fiamoncini) e temerosa falou:
- Acho que aconteceu algo ao nosso filho!
Na época a comunicação se dava de forma mais lenta. As noticias não chegavam na velocidade de hoje. Foi assim que alguns dias depois de ter tido essa "visão", nona Vitoria recebeu uma carta enviada por Dom Eduardo Herberhold, Ministro Provincial dos Franciscanos avisando da morte de Fra Benedetto, ou seja, Honorato.
 Abaixo a carta que a família recebeu relatando a morte de Fra Benedetto.


“PROVINCIALADO DOS PADRES FRANCISCANOS
BAHIA – BRASIL
Bahia, 21 abril 1919
Paz benção e consolação em Nosso Senhor Jesus Cristo.
Como já sabeis por um telegrama, aprouve a Deus chamar para o céu sem ninguém esperar o vosso santo filho, nosso mui amado Frei Benedicto. Chorei e como uma criança que perde a mãe porque não quis por na (?) perder o meu Frei Benedicto. Fizemos promessas sobre promessas, fomos de altar em altar para pedir de braços abertos a Deus que no lo conservasse, mas Deus achou melhor chama lo a si, frei Benedicto conformou se com a vontade divina com uma tranquilidade de espirito que todos admiramos. Tendo feito o seu retiro espiritual, Frei Benedicto recebeu no dia 5 deste mês a sagrada ordem de Diácono. Foi um dia de alegria em casa. Eu me achava fora do convento pregando numa pequena missão. Quando voltei dia 6 Frei Benedicto apresentou se radiante de alegria, agradecendo-me a caridade de o ter apresentado ao Exmo. Sr Arcebispo D. J      para a adoração.
Respondi lhe que agradecesse a Deus a dita de já pertencer aos números dos diáconos da Igreja, com Santo Estevão, São Lourenço, S. Eufrásio (Efraim?), e São Francisco. Ele sorriu e pediu a benção. Como Diácono deu... A Santa Comunhão para levar uma... há um doente. Na quarta feira dia 9 de abril começou a sentir se incomodado.
No dia seguinte manifestou se com uma febre que o vitimou com dor e espanto de todos que o conheciam e já amavam aqui. O irmão enfermeiro, os superiores os irmãos (?) tudo tentaram tudo fizeram para conservar lhe a vida. Fizemos promessas sobre promessas, celebramos missas e prometemos outras às almas, mais parece à febre atacou o coração. Até terça feira de manha tinha alguma esperança, mas Frei Benedicto disse-nos que seu Deus o queria no céu.
Ele mesmo pediu os santos sacramentos e os recebeu com a piedade e tranquilidade de sempre. O irmão enfermeiro lhe havia dito que nos últimos tempos (desde 1912 para cá) não havia morrido nenhum religioso na Bahia. Frei Benedicto respondeu sorrindo eu (?).

- Serei o primeiro meu irmão. E é bom que eu vá agora. Agora é mais fácil, sou diácono, com mais responsabilidade e tenho medo do sacerdócio.
- Frei Benedicto quisera trocar com você!
- Não meu irmão não troca com ninguém! “Fiat volutas Deu”
- Vamos rezar Frei Benedicto para você ficar bom.
- Sim, mas se Deus quiser (também está bom?).

O Superior da casa, Frei Mauro, não mais se afastou da cama de Frei Benedicto.
Quando fui vê lo pouco depois do meio dia e contar lhe quantas promessas eu tinha feito por ele, ouviu e me beijou a mão.
Eu esperava (...)? Contra toda a esperança...
Mas o mal agravava se e às 6 horas da tarde o nosso querido Frei Benedicto foi transferido para o céu.
Embora desde a manha estivesse prevenido para receber este golpe não pude conter-me diante da realidade de perder aqui o melhor de meus religiosos estudantes. Era tão (?), tão humilde, tão amável e ajudava muito na direção da adoração Mariana?() que ficaram sem sentidos.
Chorei em soluços e só depois de algumas horas me Consolei com o pensamento de termos mais um lá no céu que (Santo?). Frei Benedicto o era.
Lá poderá fazer mais do que aqui em favor da nossa Província Franciscana de Santo Antonio que tanto ele (apoiava/amava?).
Na quarta feira de trevas, levamos o nosso querido Frei Benedicto ao nosso cemitério que é próprio da nossa ordem onde descansa junto com 18 franciscanos que já foram adiante preparar-nos um lugar no céu.
A sepultura é perpetua e tratada para sempre com religioso cuidado. Nós costumamos fazer com os nossos irmãos falecidos a mesma missa da quinta feira santa. Ofereci por ele e depois já foram (...) serão celebradas.
Envio, pois um abraço de condolências aos queridos pais e parentes do nosso saudoso frei Benedicto e peço que se consolem em Jesus e Maria. Rezem por mim.
Fr. Eduardo Herberhold
Ministro Provincial”

Frei Benedicto morreu no em abril de 1919 as 18:00 horas, provavelmente de febre amarela.
Foi enterrado dia 16. 04. 1919
5/4 / 1919 – Recebeu ordem de Diácono
6/4 / 1919 – Levou hóstia a um doente
9/4 / 1919 –  Sintomas da doença
20/4/1919 – Páscoa de 1919

Obs.: A PROVA DA CRUZ
A febre amarela que assolou os Estados da Bahia e de Pernambuco foi a prova da cruz pela qual passou Província Franciscana de Santo Antônio.

Os documentos históricos dão conta de que foram 14 as vidas ceifadas de jovens frades, entre 20 e 30 e poucos anos, nove na Bahia e cinco em Pernambuco.
http://freimilton-ofm.blogspot.com.br/
Abaixo alguns dados de Dom Eduardo Herberhold recolhidos na internet.
1°Bispo Auxiliar de Santarém -(1928-1931) – Governo de Dom Amando Bahlmann.
Nasceu em Lippstadt, (Westfália) – Alemanha a 28 de junho de 1876. Filho de Henrique e Tereza Utzel Herberhold.  Faleceu em Salvador, Bahia em 24 de junho de 1939. Esta sepultado em Ilhéus na Catedral construída sob seu governo.
Ingressou na Ordem dos Frades menores a 4 de maio de 1890. Somente depois de muitas orações e meditações é que tomou a decisão de seguir a carreira eclesiástica
Chegou ao Brasil, (Recife-PE) a 10 de julho de 1894.  Ordenado em Salvador, Bahia a 18 de agosto de 1895. Eleito Ministro Provincial, a primeira vez em 1913, a segunda em 1926.
Nomeado Bispo Titular de Hermópolis-Maior e Auxiliar do Prelado de Santarém a 7 de janeiro de 1928. Sagrado Bispo em Salvador em 6 de maio de 1928. Tomou Posse como bispo auxiliar em Santarém a 10 de setembro de 1928. Transferido para a Diocese de Ilhéus a 30 janeiro de 1931.
Foi um dos que trabalharam para a construção da Catedral. A construção da Catedral de São Sebastião foi iniciada por ele, dando inicio ao fantástico projeto do arquiteto Salomão da Silveira. A Catedral é o mais esplêndido templo Católico do Sul da Bahia, com estilo eclético, religiosos, romântico e renascentista e a sua inauguração ocorreu em 1967.  




quinta-feira, 24 de maio de 2018

Não se come ouro nem papel


Nesta foto meu pai não aparece pois minha "nonna" com 45 anos, estava gravida dele.
A atual crise desencadeada com a greve dos caminhoneiros me fez lembrar de uma historia de meu pai.
 Ele era filho de camponês. Meu avo plantava sua “rocinha” e criava vacas, galinhas e porcos.
Com isso ele fazia queijo, manteiga, salame e compotas. Uma boa parte da sua produção era usada em casa para alimentar a família e o excedente ele vendia nas feiras em Sondrio.
 Meu pai contava que para ele era um tormento acompanhar meu avô nestes dias de feira, pois ele detestava ver a atitude de alguns clientes que provavam os produtos várias vezes e sempre criticavam: uns diziam que estava muito salgado, outros diziam que estava sem sal e para esta “degustação” eles usavam a unha para arranhar a manteiga para poder experimentar... Ele odiava.
 Veio à guerra. 
A escassez chegou às cidades e ele viu esses mesmo clientes baterem a sua porta implorando por umas gramas de manteiga salgada, ou sem sal, fresca ou rançosa.
 Meu pai usava esta historia para nos ensinar que por mais rico que um dia poderemos ser deve se valorizar o agricultor, aquele que planta, colhe e cria, pois não se come ouro nem papel.
 Lembrei-me desta historia, pois com essa greve estamos vendo o pavor que as pessoas das grandes cidades ficam com a falta de abastecimento... 
 Do que adianta ter o dinheiro se não tem comida?
 Do jeito que a coisa esta nem mesmo o “aeroporto” é a porta de saída, pois falta gasolina...
 Só lembrei-me dele... 
 Só quis compartilhar.
 (A propósito. Ele nunca quis ser camponês. Veio para o Brasil e aqui começou a vida como motorista de caminhão)


Meu pai durante a segunda Guerra Mundial - Ele é o segundo da esquerda para a direita. 




sábado, 22 de abril de 2017

Infancia : Uma poesia de Manoel de Barros


Eu e meus primos em Rodeio - SC - Eu sou o bebê sentado no banco... chorando.


“Acho que o quintal onde a gente brincou é maior do que as cidades.

A gente só descobre isso depois de grande.

A gente descobre que o tamanho das coisas, há que ser medido pela intimidade que temos com as coisas.

Há de ser como acontece com o amor.

Assim as pedrinhas do nosso quintal são sempre maiores do que as outras pedras do mundo.

Nada havia de mais prestante em nós se não a infância.

                                 O mundo começava ali” ( Manoel de Barros) 

Varde di nar in Chiesa !

Carolina F. Moser com 60 anos


Carolina estava sempre na igreja.

Gostava e fazia questão que os filhos frequentassem assiduamente as missas na Igreja da pequena cidade de Rodeio.

Um dia chegaram dois imigrantes italianos na pequena cidade e foram em sua casa conversar com seus filhos e um deles estava muito enrabichado por uma de suas filhas... Miriam.

Para testar esses forasteiros ela deu um aviso :

- Varde di nar in Chiesa! ( Voces devem ir para a missa)

Ao que um deles já tinha a resposta pronta para tal ordem (Vitor)


- Signhora. Il fum dele candelle mi fa mal alle occhi. 

segunda-feira, 27 de março de 2017

Stelutis Alpinis - A Canção





“Se vieres nas montanhas,
Onde eu fui sepultado,
Lá no chão existem estrelas,
O meu sangue as regou.
Uma cruz marca o local,
Esculpida sobre a pedra.
Com as Estrelas nasce a relva,
Sob elas durmo em paz.
Colha, colha uma estrela.
Recordando nosso amor.
Tu darás um leve beijo.
E entre os seios guardaras.
Quando em casa, só, estiveres.
E no coração rezar.
Meu espirito te achara
Eu  a Estrela e você. “














Stelutis Alpinis

Stelle Alpine
Estrela Alpina ( Edelweiss)
Se tu vens cá su ta’cretis,

Se viene quassù tra le roce,
Se você vier aqui em cima, no alto da montanha, nos rochedos,
(se vieres nas montanhas)
Lá che lôr mi àn soterât,

Lá dove mi hanno sepolto,
Lá onde me sepultaram,
(onde eu fui sepultado)
Al è um splaç plen di stelutis :

C’è uno spiazzo pieno di stelle alpine :
Existe um lugar cheio de “Estrelas Alpinas” :
(Lá no chão existem  estrelas)
Dal miò sanc ‘ è stat bagnât.

Dal mio sangue è stato bagnato.
Elas foram banhadas pelo meu  sangue.
(o meu sangue as regou)
Par segnâl une crosute

Come segno una piccolo croce
Marcando o lugar existe uma pequena cruz
(uma cruz marca o local)
E scolpide li tal cret :

É scolpita li nella roccia :
Ela está esculpida na rocha:
(esculpida sobre a pedra)
Fra chês stelis nâs l’ arbute,

Fra quelle stelle nasce l’ erbetta,
Junto as “Estrelas Alpinas” nasce a relva,
(com  as estrelas nasce a relva)
Sot di lôr jo duâr cuiet.

Sotto a loro dormo sereno.
Debaixo delas eu durmo sereno.
( sob elas, durmo em paz)
Cjol su, cjol une stelute :

Cogli, Cogli una piccolo stella :
Colha, colha uma pequena  Estrela :
(Colha colha uma estrela)
Jê a ricuarde il nestri bem.

A recordo del nostro amore.
Para recordar o  nosso amor.
(Recordando   nosso amor)
Tu i darás ‘ ne bussadute,

Dalle um bacetto,
Dá lhe um leve beijo,
(Tu darás um leve beijo)
E po platile tal sem.

E poi nascondila in seno.
E depois a esconda entre os seus seios.
(E entre os seios  guardaras )
Cuant che cjase tu sês sole

Quando a casa sei da sola
Quando em casa estiveres sozinha
(Quando em casa só, estiveres.)
E di cuor tu preis par me,

E di cuore preghi per me,
E no coração rezares por mim,
(E n o coração rezar)
Il miò spirt ator ti svole:

Il mio spirito ti aleggia intorno
O meu espirito voara suavemente  até você
(Meu espirito te achara)
Jo e la stele sin cun te.
Io e la stella siamo com te.
Eu e a Estrela estaremos com você.
(eu e a estrela  e voce)





Stella Alpina - Edelweiss ((Leontopodium Alpinum)

A pequena e preciosa Stella Alpina tambem é simbolo das montanhas, dos alpinistas e do Tirol 



Aqui no Brasil poucos a conhecem. 

Alguns a conhecem por outro nome: Edelweiss

É a mais cantada e amada flor das montanhas e da neve. 

Tem o formato de uma estrela.

É uma linda flor no formato de uma estrela tendo no centro um amarelo acinzentado  rodeada de pétalas brancas e aveludadas.

Nasce na Itália, Suíça, Áustria e Iugoslávia. Sempre em altitudes acima de 1.700 metros. 

Floresce entre junho e agosto .

Depois de colhida elas podem durar mais de cem anos e por este motivo é o símbolo do Amor Eterno. 

Na Itália é tambem o símbolo das montanhas e dos alpinistas e é um dos símbolos do Tirol.

Existem diversas lendas sobre o aparecimento da pequena flor. Cada pais e localidade têm a sua lenda sempre envolvendo coragem, bravura e amor.


Dizem que somente as pessoas honestas e corajosas conseguem encontra lá pois nascem em locais altos, perigosos e de difícil acesso.

 Conta à lenda que quem acha a flor e a presenteia a pessoa amada, terá o seu amor para sempre.

No passado usava se tambem a Stella Alpina como remédio contra a raiva e o mau olhado.

Homens, mulheres, jovens, crianças, poetas, pintores... Todos procuram uma forma de falar da Stella Alpina.



 
Estas Stellas Alpinas tem mais de 40 anos. 

terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

"Animal Vestido"


- Seu Animal Vestido !

Essa era a expressão que meu pai costumava soltar quando alguém era imprudente e não pensava nas consequências de seus atos.  Na estrada, quando alguém lhe dava uma “fechada” era certo ouvir um: “SEU ANIMAL VESTIDO”. 


Apesar de italiano ele não xingava a mãe dessa pessoa nem a “Madonna” (Nossa Senhora).

Como filhas, eu e minhas irmãs nos acostumamos a ouvir esta expressão, mas, só agora, passados 23 anos de sua morte que percebi como era cheia de sabedoria e verdade essa expressão e como ele a usaria com mais frequência nos dias de hoje.


Nós, serem humanos, temos um comportamento chamado de “variável”, pois temos a capacidade de mudar nosso comportamento diante de diferentes situações devido à existência do encéfalo no sistema nervoso... É assim que funciona para aqueles que escolhem “pensar” e colocar em uso esse aparato do sistema nervoso.

Já nos animais o comportamento é instintivo. É o chamado comportamento hereditário. Ou seja, eles simplesmente repetem sem variações o comportamento de todos da sua espécie.  Eles não pensam, não conseguem pensar, simplesmente seguem o comportamento que a genética marcou neles.  Eles não conseguem aprender nada... Claro há algumas deliciosas e divertidas exceções no reino animal como os cães, baleias e outros.

Voltando a expressão de meu pai: ANIMAL VESTIDO

Então, o Animal Vestido seria aquela pessoa, ser humano em pleno gozo de suas faculdades mentais, que mesmo convivendo em sociedade, mesmo estando apto para pensar e agir de forma inteligente não consegue modificar suas atitudes nem em prol da sociedade e muitas vezes nem de si mesmo colocando em risco os outros e a si próprio.

Me pergunto:

Diante da situação atual do Brasil quantos “ANIMAIS VESTIDOS” têm por ai hoje em dia?  

- Com que frequência absurda ele iria usar essa expressão?


Saudades meu querido pai! Fique com Deus!

(psiu :  Hoje em dia chamar uma pessoa de "Animal Vestido", em muitos casos é um grande elogio).

Porque Coelhos e Ovos São Símbolos da Páscoa?

            ( Por: Dóris Bonini) Existem muitas explicações sobre "ovos" e "coelhos" como símbolos da Páscoa mas,  para ...