segunda-feira, 24 de março de 2025
Porque Coelhos e Ovos São Símbolos da Páscoa?
sexta-feira, 31 de maio de 2024
ERMINIO VITTORIO ZAMBONI
ERMINIO VITTORIO ZAMBONI
Colorina 1892
Ferido na Eslovênia +- Agosto1915
Morreu 23 Agostos 1915
A
foto deste jovem garboso e bonito sempre me deixou curiosa. Quem era?
Só
fui saber que foi irmão de minha Nonna Emília quando Shirley Foss me enviou um e-mail
contando o que sabia sobre ele. Era pouco, mas já era algo a mais que eu sabia.
Ele foi irmão de minha Nonna Emília e morreu
em 1915.
Vendo a foto desse jovem militar com o uniforme dos “Bersaglieri” conclui que ele havia morrido na Primeira guerra mundial.
Desde
nova eu aprendi a identificar a diferença entre os “Bersaglieri” e os
“Alpinos”. Os Bersaglieri carregavam um chapéu cheio de penas caídas. Já os
Alpinos carregavam uma só pena erguida sob o chapéu. E tinha essa canção que
meu pai sempre cantava e eu decorei o estribilho:
Bersagliere ha cento penne (Bersalheiro
tem cem penas)
ma l'Alpino ne ha una sola; (Mas
o Alpino tem uma só)
un po' più lunga, (um pouco mais longa)
un po' più mora, (um pouco mais morena)
sol l'Alpin la può portar. (só
o Alpino a pode usar)
Mas também tinha essa outra versão na qual fala dos Partizans grupo do qual meu pai participou no fim da Segunda Guerra Mundial e acho que ele gostava mais de cantar.
l bersagliere ha
cento penne (Bersalheiro tem cem penas)
e l'alpino ne ha una
sola, (Mas
o Alpino tem uma só)
il partigiano ne ha
nessuna (O Partizan não tem nenhuma)
e
sta sui monti a guerreggiar. (E esta nas montanhas a guerrear)
Eu havia reservado somente um pequeno texto para ele, mas a história de Ermínio foi me surpreendendo à medida que tomava conhecimento de alguns fatos que foram surgindo quase que espontaneamente para mim.
No começo, e
por ele ser um jovem de 23 anos quando morreu, eu pensei que nem casado ele
teria sido. Enganei-me. Ele já era casado quando morreu e já tinha um filho com
sua esposa: Zilia
Depois foi a
própria Zilia, sua esposa, que me surpreendeu. Descobri que após a morte de seu
primeiro marido Ermínio, ela se casou com o irmão dele e teve mais três filhos.
Dois homens e uma menina.
Mas tive
mais surpresas...
“A
situação da Geopolítica da Itália sempre foi conturbada”. Até 1861 não existia
o Reino da Itália, ele só foi proclamado em 17 de março de 1861 quando Vittório
Emanuel II da Sardenha foi proclamado Rei da Itália com a intervenção do famoso
“Giuseppe Garibaldi” e seu exercito.
Este é o mesmo “Garibaldi” (herói de dois
mundos) que em 1836 “cansado de arrastar uma existência inútil”, estava no
Brasil, e obtém uma procuração de “Bento Gonçalves” no RG do Sul para comandar
uma frota de guerra contra a marinha brasileira. Garibaldi retorna a Itália em
1848 para lutar na Lombardia contra o exercito Austríaco e iniciar a luta pela
unificação italiana juntamente com sua esposa “brasileira” Anita
Garibaldi. Anita faleceu em 1849 e
Garibaldi em 1882.
O
“Reino da Itália” perdurou até 02 de junho de 1946 quando um referendum institucional
abandona a Monarquia para formar uma “Moderna Republica Italiana”. Este
processo é denominado de “Rissorgimento” que estabeleceu a unificação de vários
Estados e foi influenciado pela Sardenha e pela Casa de Saboia. Não foi um processo fácil. Nesta época a
Itália era predominantemente agrária e somente o Reino do Piemonte e Sardenha
começava a ter indústrias e uma burguesia influente.
A Península
italiana era formada por diferentes reinos, ducados, republicas e principados
distintos entre si. Boa parte da Região Norte da Itália estava sob o domínio Austríaco.
O chamado Império Austro-húngaro. Este era o caso da “Lombardia”, região a qual
Sondrio e Colorina pertenciam.
Em
1870 as tropas italianas entram em Roma e encerram mais de 1.000 (mil anos) de
poder temporal dos papas.
A
Primeira Guerra Mundial apesar de ter sido um conflito global ficou centrada na
Europa. Teve inicio em 28/07/1914 e terminou em 11/11/1918.
Porem
a Itália não entrou na Primeira Guerra Mundial. Logo após a assinatura do
acordo de aliança com os estados da Tríplice Entente * (23 maio 1915) a Itália
abandona os poderes da Tríplice Aliança e declara guerra à Áustria-Hungria
começando em poucas horas operações militares contra o estado vizinho. “O
combate se deu em térreo difícil e as linhas de separação entre os exércitos se
estendia por centenas de quilômetros no nordeste da Itália, abrangendo
territórios alpinos até a região cártica”.
Era Sargento do 110 Regimento
Bersaglieri, nascido em 4 de março de 1892 em Colorina, Distrito Militar de
Sondrio e morreu em 23 de Agosto de 1915 na 2a Seção Sanitária para feridos
vindos de combates.
Por sua atuação nos combates ganhou uma Medalha de Ouro e esta inscrito na “Arvore de Ouro” do Ministério da Guerra da Lombardia.
Decorato di Medaglia di Bronzo Al
V M
Sargento do 110Regimento
Bersaglieri, nato nel 4 março de 1892 a Colorina, Distreto Militare di Sondrio
morto nel 23 di Agosto 1915 na 2ª Sezione di sanita per ferite riportatein
combattimento.
Cognome: ZAMBONI |
Lombardia Albo D´Oro |
BG - BS - MN – SO Província |
905 Pagina |
11 Sub in pagina |
|
Sevigliano comuna
italiana da região
do Piemonte, província
de Cuneo
https://www.difesa.it/_layouts/15/MdDEvoluzione-Layouts/Archivio/AlboOro/11/905.jpg
Essas batalhas foram sangrentas e não obteve o êxito desejado. E deve ter morrido bem no começo delas.
“Em março de 1915, pouco antes da entrada da Itália na Primeira Guerra Mundial, o 11º Bersaglieri moveu-se para o norte entre Nimis e Attimis, depois cruzou o rio Natisone no dia 24 de maio seguinte e ocupou Bergogna, Stanovišče e Saga (27 de maio), atingindo três dias mais tarde, na linha Polounik-Baban-Jama Planina-Monte Stol. No dia 14 de agosto a unidade iniciou a ofensiva que seis dias depois levou à conquista das localidades de Poljanica, Pod Turo e Podklopce, retomando o avanço, temporariamente atribuído à Brigada "Aosta", no dia 23 de agosto; em particular, o XXVII Batalhão chegou até Plezzo, sendo aqui detido pela artilharia austro-húngara que também bloqueou o XXXIII Batalhão perto de Dvor. Consequentemente, o comando italiano optou por uma pausa nas operações no setor.[3] No dia 6 de setembro o 11º Bersaglieri iniciou movimentos para assumir o 6º Regimento Bersaglieri, retomando o ataque ao vale do Plezzo e ao Passo de Moistrocca no dia 11 seguinte, após um fogo de artilharia preliminar: os batalhões do regimento atingiram os respectivos objetivos avançando em direção a outros alturas, mas um contra-ataque austro-húngaro em 19 de setembro forçou a infantaria italiana a recuar do Monte Vršič. O 11.º Regimento Bersaglieri, que até então tinha perdido 808 soldados em combate, teve assim o cuidado de reforçar as suas posições antes de retomar, no dia 18 de Outubro, a ofensiva contra as montanhas Javorcek e Golobar, que no entanto foi interrompida no dia 28 de Outubro sem resultados dignos de nota.[3]”( https://it.wikipedia.org/wiki/11%C2%BA_Reggimento_bersaglieri)
Abaixo uma foto de um soldado de infantaria com sua bicicleta. Ermínio teria carregado uma assim?
A PROCURA DO DIARIO DE MEU TIO


Uma FOTO - Muitas LEMBRANÇAS
Saudades
16 de Maio de 1964
Que foto!
Parte da turma da minha Rua em Juiz de
Fora!
Me lembro de quase todos.
Nesta foto um detalhe que acho
maravilhoso e marcante daquela época:
O “jornaleiro” com os jornais debaixo do
braço. Ele tambem era da turma.
Agora me bateu uma curiosidade:
- Qual foi manchete do dia?
O
que aconteceu no dia anterior? Naquele mês?
Ah! O que aconteceu naquele ano eu sei, nós sabemos: Foi o golpe militar! A cidade devia estar fervilhando de noticias afinal tínhamos militares na rua.
Tenho algumas recordações do dia do golpe em Juiz de Fora. Eu estava indo visitar uma vizinha, amiga de minha mãe quando esbarrei com um militar de alta patente subindo as escadas esbaforido... Ainda me lembro do cheiro da farda que senti quando ele passou do meu lado.
A amiga da minha mãe me despachou na hora, pois o tal militar também se dirigia a casa dela. Posteriormente fiquei sabendo que ele havia estado na casa dela alguns meses antes do golpe. Na ocasião ela havia dito qualquer coisa sobre esse momento que o Brasil iria passar. No dia que esbarrei nele na escada ele teria ido “pedir satisfações”:
- Como você sabia que isso ia acontecer?
Acredito que ela deve ter dado uma aula para ele sobre astrologia para explicar sua “premonição” e ficar livre de ir à delegacia prestar depoimento.
Alguns anos depois, final de 68 começo de 69 nos mudamos para BH. Esperávamos anos mais tranquilos, mas da minha sacada cheguei a presenciar os filhos de um nosso vizinho e seus amigos pulando janelas, saindo pelo telhado, correndo ladeira abaixo e tentando se esconder no mato perto da casa para fugirem dos soldados que chegaram em dois camburões... Eram do DOPS
Pelo que sei nada aconteceu, pois havia
um “promotor” que morava ao lado e também viu toda a situação. Não sei detalhes,
mas todos ficaram bem. Eu ainda era menina...
Na foto eu sou aquela à direita com o “cabelo vermelho” de saia plissada e sapatilha de bico fino com meias. Alguns me chamavam de “cabelo de fogo”, outros de “ruivinha”. Outros ainda me chamavam de nomes que hoje seria considerado “bullyng”. Eu Sofria... Eles não estavam acostumados a conviver com um ser branco como o leite e cheio de sardas (ferrugem) como eu. Eramos tidos como estrangeiros. Meu pai era italiano e tinha um forte sotaque. Minha mãe é de Santa Catarina. Para piorar a situação, na medida em que crescia eu ficava mais magra e quando perdi os dois dentes de leite, os da frente... Foi uma calamidade. Eles custaram a nascer. Que dificuldade!
Quantas lembranças!
As brincadeiras de rua, os amigos, os “inimigos”...
Os vizinhos, a cidade com seus antigos e
lindos casarões que sempre me fascinaram.
As visitas ao “Museu Mariano Procópio” me marcaram profundamente. Foi lá que eu vi pela primeira vez o famoso quadro de “Pedro Américo”: Tiradentes Esquartejado.
Como detestava vê-lo. Cheguei a fechar
os olhos para não ver. Me dava medo,
pena, uma sensação de injustiça. Como faziam isso com alguém? Nunca gostei. Até
hoje não gosto...
Uma doce memória é a dos frascos de perfume francês da D. Lecy que eu tanto amava. Amava os frascos e a D. Lecy. Ela dispunha os frascos em frente à penteadeira num jogo geométrico de tamanho e forma que se duplicavam no espelho ao fundo. Eu pensava: quando “crescer” terei um igual. Ao longo da vida ganhei e comprei uma variedade enorme de perfumes. Franceses, nacionais, americanos, italianos, árabes, mas, em nenhum deles até hoje, achei o aroma daquele momento em frente à penteadeira da D. Lecy. Continuo procurando...
Na foto, logo atrás do “jornaleiro” está o pequeno portão bege e preto. Até ele me traz memorias. Eu encaixava meus pés entre as grades e ficava me balançando. Certo dia enquanto eu me balançava no portão um menino “gordinho” se aproximou. Na verdade ele não era gordinho. Era saudável... Eu que era muito magra e acabava achando que os outros eram todos gordinhos. Esse menino conversou comigo com tanto carinho, gentileza e educação que eu me encantei por ele. Nunca mais o vi! Pode ter sido a minha primeira paixão. Não sei seu nome, nunca soube. Só me disse que estava visitando seus parentes que moravam ali pertinho, virando a esquina em uma casa na Avenida dos Andradas. Foi um encontro de uns 15 minutos.
Anos depois, eu já adulta em BH comecei
a namorar um rapaz. Conversa vai... Conversa vem e acabei me casando com ele.
Eu continuei com minha curiosidade sobre historias de família e um dia ele
contando historias da família dele me disse que tinha tios e primos que moravam
em Juiz de Fora. Um desses tios morou numa casa na Avenida dos Andradas há
poucos metros do prédio onde ficava esse portão e ele foi visita los algumas
poucas vezes...
Seria ele o menino do portão?
Não sei!
Ele não se lembra de uma menina ruiva
balançando no portão, mas, depois disso sempre que penso no menino do portão
desconfio que pode ter sido ele. O tipo físico, a cor dos cabelos, os olhos...
Pode ser... Tipo assim um encontro “premonitório”.
Quantas recordações uma foto nos dá.
Nesta rua existiam algumas “turmas”.
Esta foto é a turma dos mais novos. Existiam outras turmas... Existiam mais
crianças, mais amigos.
Me lembro da “Regina” e suas irmãs. Na época ela devia ser uma moça dos seus 17 anos. Foi ela que me socorreu quando eu de velocípede fugi do “homem do saco” que ia me pegar e na fuga acelerada descendo a rampa, acabei atropelando a escada do meu prédio. Tenho a cicatriz em “X” ao lado do olho até hoje.
Foi sangue para todo lado. Ela passava
no local na hora. Ia trabalhar ou ia para um encontro? Não sei. Só sei que seu
vestido era branco e me pegou no colo. Lembro de minha mãe dizendo que ela
tinha se sujado. Depois disso só me
lembro de estar deitada em uma maca no “Pronto Socorro de olhos fechados para
não ver a seringa da anestesia”. Os olhos permaneceram fechados por um longo
tempo até que eu abri um dos olhos e vi o “médico mais lindo da vida” e pensei:
- Que sorte eu tenho! Vou contar para
todo mundo que fui atendida por esse médico lindo. Esse acidente não foi de todo ruim... Não
fechei mais os olhos.
Estar machucada não era novidade. Neste dia alguém falou para mim:
- Dóris, você conseguiu fazer uma trinca
de galos e machucados na sua testa... Eram três machucados entre “galos” e
cortes só na região dos olhos.
Eu subia em tudo, me dependurava nas janelas, percorria as pequenas marquises dos apartamentos me apertando junto às paredes, escalava muros.
Me aventurava no terreno baldio em
frente achando que estava numa floresta perigosa. Ok! De vez em quando achávamos
umas cobras por lá...
Brigava de dar socos, unhadas etc...
Não, eu não era de brincadeira... eu era
“fogo”. Como os meus cabelos.
Minha irmã, minha prima engoliram seus dentes de leite após um soco que dei...
Minha prima-irmã, Ena, sempre dizia: Deus me livre de ter uma filha levada como você. Ela uma vez me salvou de uma queda da janela do segundo andar. Eu me fazendo de pendulo... Ela quase teve um desmaio quando me viu.
Minha professora (Dinah?) no “Educandário Santa Rita de Cássia” dizia que eu devia ter rodas nos pés.
Para eu aprender a “tabuada” de uma vez
por todas, a filha da Diretora, Julia, me colocou de castigo após o horário normal
que acabava às 17 horas. Eu no andar de baixo ficava gritando a tabuada para
ela que queria ouvir no andar de cima...
- 2 x 1 = 2
- 2 x 2 = 4
- 2 x 3 = 6
- 2 x 4 = 8
E a noite ia chegando... Eu só podia
sair na hora que soubesse de cor a tabuada do dia. A cada dia tinha de repetir
a do dia anterior...
Foram 8 dias...
Até hoje sou excelente em tabuada. Sei de
cor e salteado.
Também gostava de me sentar na varanda da casa ao lado do prédio onde morava e ficar um bom tempo conversando com o “Seu Zé”. Ficavamos sentados nas cadeiras de ferro, pintado de branco, vendo o movimento da rua. Ele era um fazendeiro que não tinha o costume de conversar com “crianças”, mas me recebia de forma carinhosa e conversávamos. Contava casos do sitio, da cidade... Nem sei o que tanto conversava. Me lembro de suas filhas entrando e saindo e de ver na janela do quarto, a cabeça de um de seus filhos que ficava mergulhado nos livros estudando para o vestibular. Que fim levaram?
Qual era o nome do seu Zé? Sua esposa...
Não me lembro. Gostaria de saber mais sobre ele. Só me lembro de suas botinas,
sua cabeça branca e seu sorriso.
Tenho muitas recordações de Juiz de Fora!
As brincadeiras em frente ao prédio com as
amigas, a brincadeira de “pera, uva, salada mista” e mais... Mais... Muitas
mais.
Me lembro do muro da Igreja Batista que ficava na nossa rua e dele estar sempre melado com “piche” para que ninguém sentasse nele...
Me lembro que num Natal meus pais armaram uma imensa arvore na nossa sala. Encheram na de algodão para simular a neve... Colocaram pequenos anjos de plástico que seguravam velinhas que devíamos acender na hora de cantar “Noite Feliz”. Na Noite de Natal, enquanto cantávamos, o fogo de uma vela esbarrou num fiapo do algodão. As labaredas foram imediatas... Lamberam o teto do apartamento... Minha mãe correu para pegar um pano molhado para apagar o fogo enquanto meu pai dizia:
- Deixa queimar!
Os anjos murchavam, seus braços ficavam fracos e deixavam cair mais uma vela no algodão.
Derretiam, pingavam, retorciam. As bolas coloridas de vidro estalavam e o teto
ficava negro...
E meu pai continuava a dizer: Deixa queimar!
No dia seguinte minha mãe colocou o que sobrou da arvore no lixo. Sobrou somente uma espécie de arvore feita de arame retorcido e enegrecido. Alguns rapazes da rua, brincalhões e amantes da farra recolheram o que sobrou da arvore e saíram com ela pela rua em caminhata, gritando:
- Olha a arvore da D. Miriam! Olha a arvore da D. Miriam.
Um belo dia meu pai nos avisou que iriamos nos mudar para BH. Para nos alegrar disse que iriamos para um apartamento muito maior, mais confortável...
Foi uma tristeza danada em casa e na
rua...
Os amigos ficaram indignados que íamos nos
mudar. Mais revoltados ainda que iamos para BH. Naquele tempo havia uma rixa
danada entre Juiz de Fora e Belo Horizonte. Os Belorizontinos chamavam o
pessoal de Juiz de Fora de “cariocas do brejo” enquanto os Juizdeforanos
chamavam os Belorizontinos de “Capiau”.
Me lembro que me despedi de cada pedaço daquela rua. A partir do momento que soube que íamos nos mudar eu olhava para cada pessoa, para cada lugar com olhos de saudades...
No dia da mudança eu fiquei na janela observando o caminhão de mudanças ser carregado... Os amigos que passavam inconformados e diziam:
- Não vão não... Não vão não...
Eu... Chorava.
Não vi por dezenas de anos muitas daquelas pessoas queridas. Outros nunca mais vi: Lindinha... Onde esta você? Algumas poucas foram nos visitar em Belo Horizonte. A minha grande amiga da época, a Glaucia eu não vi mais... Só a revi depois de 40 anos, há poucos anos atrás morando na mesma cidade paulista que eu. Nossas bonecas “Susi´s” que vestíamos sentadas na escada não existiam mais... Ficaram na lembrança. Doces lembranças.
Eu tenho muitas... Mas muitas recordações daquele tempo. Muitas coisas também esqueci, mas posso dizer que valeu a pena ter nascido em Juiz de Fora... Ser mineira... Carioca do Brejo.
Eu agradeço muito ao Augusto (Guto) esse menino a esquerda que veste um shorts branco. Foi ele que há alguns anos me achou no facebook e enviou esta foto que me trouxe muitas recordações de Juiz de Fora da minha infância.
(1)
que também ficava
pertinho, virando a esquina e descendo alguns metros a Avenida dos Andradas.
LUIGINA BONINI
Luigina Bonini
Caiolo
- *31/12/1921
Caiolo
- 02/10/1940
Desde
que me lembro ela era somente “a irmã dele que morreu com 18 anos” e da qual
pouco se falava e eu não conhecera.
Meu interesse sobre quem ela foi crescendo na
medida em que os anos se passavam.
Primeiro eu quis saber quem eram os pais dele.
Depois a curiosidade foi para amigos, namoradas, fatos da vida interessante que
ele teve como guerra, trabalhar nas minas de carvão, imigração etc...
O nome dela não era comentado.
Foi folheando o álbum que me interessei por
essa moça.
Primeiro foi:
- Quem é Pai?
- Minha irmã
- Imã? Não sabia? Onde ela mora? É casada?
Mora na Itália?
- Não... Morreu nova
A forma como ele respondia as minhas perguntas
passava uma sensação de coisa normal. Nada dramático. Uma morte, natural,
comum... Como se tivesse morrido quando ele muito pequeno e não se lembrasse
muito dela. Então comecei a fazer as contas...
Ela era só três anos e nove meses mais velha
que ele. O irmão mais próximo, no casa, a irmã.
Conclui então que devem ter brincado juntos,
foram próximos. E, foi “velha” o bastante para tomar conta dele e brincar com
ele.
Talvez tenha sido ela que conseguiu o trenó
para ele brincar de deslizar na neve quando o inverno chegava.
Era velha o bastante para se preocupar com ele
quando ficava doente ou quando ele sumia nos pastos ou se escondia no estabulo
ao lado da casa e passava a noite deitado no feno com os bezerros que
nasciam.
E
a curiosidade aumentava.
-
De que morreu Pai?
-
Ficou doente.
-
Que doença Pai?
Quando
éramos crianças meu pai tinha um temor que transparecia quando ficávamos
gripadas e foi somente quando soube da história de Luigina que entendi a origem
do medo que sentia.
- 18 anos
- Tinha namorado?
- Tinha, era um rapaz de Caiolo.
- O senhor se lembra dela? Como ela era?
- Ela se parecia um pouco com a Cátia. Era moça alegre, sorridente.
Gostava de ajudar todo mundo.
- Pai, afinal. Conta direito à história da Luigina.
- Vou te contar. Mas depois não me pergunte nunca mais! Não gosto de
ficar lembrando isso.
Havia aprendido também a dar injeções. Talvez tenha aprendido quando ele
teve “Tifo” e quase morreu. Ou tenha herdado esse dom de cuidar dos outros de
seu pai, Daniele.
O Palú é uma “frazione” de Caiolo situado na Província de Sondrio. Norte
da Itália muito perto da fronteira da Suíça, uns 15 minutos. Lugar gelado,
afastado da cidade com montanhas com neve perene e muitas arvores. As pessoas
que ali moravam podiam ser camponeses, mas também haviam outras profissões, mas
todos também eram conhecidos como: Montanari, ou povo de montanha.
Uma das profissões comuns para a sobrevivência era ser: Lenhador.
Lembro de meu pai me contar que sua mãe perdeu um filho de nome Guilherme
Bonini, mas ele não conheceu. Hoje penso que esse “Guglielmo” deve ter sido o
primeiro filho de minha Nonna Emília. Isso porque analisando a data de
casamento dela com meu Nonno eles só tiveram o primeiro filho muitos anos
depois do casamento. Acho que na realidade o Guglielmo foi o primeiro filho.
Ele deve ter morrido quando meu pai nem era nascido. Digo isso porque Nonno
Daniele havia se casado com uma primeira esposa que morreu no parto A criança
se chamou Antônio. Ela morreu em 1908.
Nonno Daniele e Nonna Emília se casaram dois anos depois em 1910. Isso
era comum. Afinal quem tomaria conta de Antônio? O tio Romeo que é o filho mais
velho nasceu em 1916. Seis anos sem ter filhos? Isso não era comum naquela
época mesmo porque depois do tio Romeu eles tiveram Evelino em 1919, Luigina em
dezembro de 1921 e meu pai em 9/1925 quando minha Nonna tinha quase 44 anos.
Achei estranho e minha desconfiança aumentou ainda mais quando na minha
pesquisa apareceu uma homenagem a um jovem chamado “Guglielmo Zamboni” que
morreu em 1925 (ano que meu pai nasceu) em “Colorina” devido ao corte de
arvores. Se este fosse o irmão mais velho de meu pai e fazendo as contas do
casamento de Daniele e Emília ele deveria ter seus 14 anos. As coisas se
encaixam. Se é esse o tal Guglielmo eu não sei, mas acredito ser bem provável.
Lembro de meu pai me dizer que muitos procuravam o Nonno Daniele para se
curarem de pernas quebradas, ossos partidos etc... Ele colocava os ossos no
lugar, fazia massagens e cataplasmas e benzia... Meu pai não gostava de ver
essas pessoas que sempre recorriam a ele dentro da pequena casa.
A casa deve ter se transformado quando Luigina morreu. Para ele deve ter
sido difícil.
Ele contou como foi difícil vê la sair da casa em uma maca... Nunca mais
voltou. Foi internada no “hospital”. Sempre ia visita la. Não podia chegar
perto. Ela aparecia na janela e sorria e lhe abanava com as mãos.
Quando ele ganhou a bicicleta que tanto queria foi mostrar para ela. Ela ficou muito satisfeita ao ve lo na bicicleta que tanto almejava.
Bike sempre foi um desejo de um jovem e ele tinha seus 13 ou 14 anos.
Naquele tempo a bicicleta surgia como um símbolo do esportista, mas
também foi muito usada na Primeira Guerra. Os soldados podiam andar com mais
velocidade.
Se era nova? Não sei. Era uma Bicicleta e para um jovem era um “Big
presente”. Eles não eram ricos, mas a mesa era farta por conta dos produtos que
plantavam, colhiam ou da criação: salames, queijos, manteiga, frutas,
castanhas, verduras. No verão colhiam e faziam conservas e compotas para terem
esses produtos no inverno. Tinham ovelhas que lhes dava a lã. Faziam seus
próprios colchões, edredons etc... Produziam quase tudo em casa, mas havia
coisas que lhes faltava. Um bom sapato, relógio, tecidos mais finos e os
produtos industrializados que se tornavam o desejo principalmente dos jovens.
A Primeira é de 1925. Ela com três anos meio. Meu pai estava sendo
gestado pela minha avó.
A Segunda foto é da Primeira Comunhão. Apesar de não saber ao certo qual
é ela eu tenho quase certeza que é a menina menor, toda de branca. Na primeira
fila da esquerda para a direita.
A terceira foto é dela mais velha. De ter seus 17, 18 anos?
Sua imagem forte ficou na foto, na lembrança de meu pai, nas minhas historias e seu nome esta na lapide do cemitério atrás da Igreja de São Vitorio em Caiolo.
Assim foi a breve vida de Luigina. Morreu durante a segunda guerra
mundial. Meu pai tinha 15 anos. No ano seguinte a morte de Luigina começaria outra
etapa da vida de meu pai...
Ele seria chamado para o exercito de
Mussolini com a turma de 1925, a chamada “Turma da Marmelada” assim conhecida
porque por serem menores de idade ainda tinham direito a um pedaço de
“marmelada” nos cupons de racionamento da guerra que então todos recebiam.
Fugiria do exercito, se tornaria partizan, depois da guerra faria o Exercito
regular por dois anos. Trabalharia nas Minas de Carvão... Imigraria para o
Brasil e para quem não gostava de uma casa cheia de homens bagunceiros e
barulhentos ele teria só filhas mulheres. Três ao todo... Sempre quis menino.
Não veio... Ironia. Teria quatro netos sendo três meninas e um menino que ele
conheceu e quando o pegava no colo sentia um contentamento sem fim.
Na última conversa que tive com ele um dia antes de morrer lembro dele
recomendar muito cuidado e atenção com minha filha e meu filho a fim de que tambem não engordassem pois bebe obeso se transformavam em adultos obesos e isso não era saudavel.
Porque Coelhos e Ovos São Símbolos da Páscoa?
( Por: Dóris Bonini) Existem muitas explicações sobre "ovos" e "coelhos" como símbolos da Páscoa mas, para ...
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