sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

13 de Dezembro / Dia de Santa Luzia



“Santa Luzia, mamma mia
Porta roba a casa mia,
Se la mamma no ´l ghe met
Resta vuot el scudelet
E la borsa del papá
Piena piena venerá.”


Rodeio é uma cidade de colonização italiana> Na realidade a maioria dos imigrantes de lá, vieram da região Norte da Itália que na época pertencia ao Império Austro-húngaro, a cidade de Trento. No caso dos meus ancestrais eles vieram da região de “Faida di Pinè”, Trento.
Lembro que quando era pequena tinha a impressão de estar na Itália. Todos falavam italiano, na realidade um dialeto, o “Trentino” e os costumes eram bem diferentes daqueles que eu vivia durante o ano.
Ir para Rodeio sempre foi uma festa. Encontrar tias e tios queridos, ter contato com os primos, poder viver uma liberdade que nas cidades onde eu morava não podia ter.
Meu pai, esse italiano legitimo, de origem, era também do Norte da Itália, mas da Lombardia, uma pequena cidade quase divisa com a Suíça. O lugarejo se chamava Palu perto de Caiolo que pertencia a Sondrio.
Tia Cema era a última irmã solteira naquela época e ainda morava com minha nona Carolina. Era lá que ficávamos.
Na noite de 12 para 13 de dezembro elas nos ensinavam a colocar num prato no beiral da janela um prato com capim e cenoura. Depois, tínhamos que ir dormir... Durante a noite ouvíamos um cavalo passar e comer o campim... pela manhã encontrávamos doces no lugar.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

MADONNA COLONNA UNA MADONNA DI RODEIO - SC


Durante uns anos, era só ter uma brecha na escola que já estava eu embarcando rumo a Rodeio, cidade natal de minha mãe em Santa Catarina.

Rodeio é uma pequena cidade que foi colonizada por italianos vindos da região de Trento,  e em Julho e agosto de 1978 mais uma vez estava eu lá... Passando férias!

Como de costume eu passava muito tempo na casa da minha Tia Cema “sfrugnando” livros, fotos e documentos antigos. 

Tia Cema já havia me contado que o Sr. Natal, esposo de sua prima Selma, era um colecionador de antiguidades e que estava guardado em sua casa, o acervo do museu “Eugenio T.” que havia sido montado para a comemoração do Centenário da Imigração Italiana em Rodeio.

Seus filhos eram também meus amigos de infância e naquele ano frequentei assiduamente a casa deles e acabei conhecendo toda aquela “riqueza” que ele guardava em sua casa.

“Frei Lucínio foi um pároco de Rodeio que organizou os Registros Canônicos das famílias de imigrantes que vieram para o antigo distrito de Rodeio da Colônia Blumenau”.

Durante a época do Estado Novo deu se a perseguição aos imigrantes e seus descendentes residentes no Brasil. Documentos que podiam identificar quem era estrangeiro foram escondidos, enterrados e até queimados para não prejudicar a nenhum deles.

Natal havia dito a minha tia que estava em seu poder os “Registros de Frei Lucínio”.

Esses registros agora fazem parte do livro que ela publicou: “Histórias e Memórias de Rodeio”. 

Por um tempo acreditou se que esses Registros tivessem se perdido porem Natal os havia encontrado e na época eles estavam numa caixa de papelão no porão ao lado da escada de sua casa.

Perguntei lhe se podia olhar os livros. Prometi que teria muito cuidado ao manusear.

Natal prontamente permitiu!

Aqueles “cadernos antigos” para mim foram um achado maravilhoso! Fiquei fascinada e conversava com ele sobre minhas descobertas.

Vendo meu encantamento por essas coisas históricas e antigas, cada dia ele  me mostrava uma nova “preciosidade”.

Fiquei encantada com uma coleção chamada “Encyclopedia Portuguesa Ilustrada” de Maximiano Lemos.  Atualmente só consegui encontrar exemplares dessa coleção na Faculdade de Coimbra – Portugal.  Lembro-me de ele ter dito que na sua coleção só faltava um volume.

Lembro também de ter ficado admirada com uma imagem de uma “Santa Espanhola”. Naquela época ele estava em busca de “uma carta” que devia acompanhar a santa, pois ela tinha uma história interessante. A imagem só seria considerada rara juntamente com a carta que ele tanto procurava.
Nunca soube se chegou a encontrar a tal carta.

Porcelanas, joias, livros, documentos, utensílios de uso pessoal, partes de metal de um famoso satélite, e outros objetos que pertenceram aos primeiros imigrantes, tudo isso compunha o seu acervo.

Naquela época eu estava fazendo uma coleção lançada pela “Abril Cultural” chamada “mestres da Pintura”.  Eu lia cada fascículo e me deliciava com as gravuras das pinturas dos Mestres.

Em Rodeio, todos os dias eu ia até a casa de Natal e Selma para ver algo diferente e conversar com eles. Um dia ele chegou para mim e me disse:

- Dóris, você gosta mesmo de tudo isso aqui! Aqui ninguém se interessa por isso, ninguém dá valor. Quero te mostrar uma coisa muito especial!

Tenho gravado em minha memória a imagem dele descendo as escadas de sua casa com dois “cartuchos” na mão.

Devagar e com muito cuidado ele desenrolou o primeiro “cartucho” e todo orgulhoso falou:

- Veja o que me deram!

Ao ver o que ele me mostrava eu simplesmente fiquei encantada!

Era uma tela com a imagem de uma Madona com o menino Jesus em seu colo. 

Lindíssima!
Lembro que na tela existia uma pintura branca que não combinava com o quadro...
Posteriormente soube que os padres haviam tentado disfarçar a nudez do Menino Jesus e parte do peito da Madona com um falso “lenço branco”.

No instante em que vi aquela imagem tive a certeza de que aquela tela era uma tela de Rafael Sânzio! E eu lhe disse:

- Natal... Essa tela parece um Rafael.

Não, não sou nem nunca fui uma entendida em arte. Simplesmente a emoção me fez falar e enxergar que era um Rafael... Talvez tenha sido o famoso “sexto sentido” que toda mulher possui. Mas eu estava convicta... Se não era um “Rafael Sânzio” autentico com certeza era algo tão grandioso quanto ele!

Tentei analisar a tela de um modo mais racional...

A tela devia ser muito antiga, pois na parte inferior a tinta já havia se soltado do pano.

Eu segurei a tela da Madona em minhas mãos e enquanto eu continuava a admirar a primeira tela ele foi desenrolando a segunda.

A outra tela também era bonita, mas não se comparava à primeira.
Era uma tela com um motivo triste, passava angustia, sofrimento, mas também era de um Mestre! 

A pintura representava a crucificação de Cristo com o bom e o mal ladrão no Gólgota. Tambem se encontrava em péssimo estado de conservação e em ambas não se via a assinatura, pois estava muito descascada na parte inferior.

Com a tela da Madona em mãos eu falei para o Natal:

- Natal, essa tela parece ser uma pintura de Rafael Sânzio! Mas como isso é possível? Que coisa maravilhosa? Como veio parar aqui?

Lembro-me dele sorrir todo orgulhoso e comentar que realmente a tela era muito linda e ficou admirado com o que eu falei.

Fiquei tão encantada com a tela e tinha tanta convicção que aquilo era algo muito precioso que logo quis saber como as telas vieram parar em suas mãos.

Ele me contou que um padre da igreja de Rodeio, fazendo uma limpeza no sótão, ou porão da igreja achou as telas num canto, jogadas.
Como na parte de traz das telas estava escrito o nome de quem as doara ele resolveu devolver a tela a um de seus descendentes... No caso o próprio Natal.

Tenho uma remota recordação que o nome que estava no verso da tela era de seu avô ou bisavô de sobrenome Bellini e ao ver esse sobrenome imediatamente tracei a trajetória de como esta tela havia parado em suas mãos.

 Sim, eu tinha certeza, ou melhor, a intuição que a tela era de um Mestre!

Na casa de minha mãe existe uma Bíblia que na época era comum em muitas casas: A Bíblia da Enciclopédia Barsa.

Nessa Bíblia existe um quadro de um mestre da pintura de sobrenome... Bellini.

 Liguei os fatos... Ou melhor... Liguei os pintores!

Hoje com muito mais facilidade podemos acessar o Google e ver que:

Jacopo Bellini (1396 - 1470), foi um pintor italiano, pai de dois outros pintores conhecida Gentile e Giovanni Bellini ( 1430 - 1516), sendo que Giovanni Bellini (1483- 1520). é o mais famoso da família. Rafael Sânzio (1483 – 1520) foi contemporâneo dos filhos do pintor Jacopo.

Naquela época fiz a pesquisa em alguns livros que ele mesmo possuía e cheguei a seguinte conclusão:

Rafael e os irmãos Bellini foram contemporâneos e podiam também ter sido amigos e quem sabe um presenteou o outro com uma tela?

 Essas telas passaram de geração em geração e "talvez" as gerações futuras não deram tanta importância a uma tela que sempre esteve em casa...

Passou pela família simplesmente como uma bela e respeitada imagem de uma “Madona” que por fim acompanhou uma família (Bellini) que imigrou  para o Brasil e a tela foi doada para a construção da primeira Igreja local, construída pelos imigrantes.

Simples assim! ( O simples as vezes é mais complicado)

Essa foi a explicação que encontrei para essa tela  aparecer em Rodeio.

Natal ficou tão contente com minha paixão e a teoria que fiz da “aparição da  tela em Rodeio” que antes de eu voltar para minha casa me presenteou com um pequeno quadro de uma Nossa Senhora da Saúde e lembro-me dele ter dito:

-Não posso te dar “aquela tela”, mas leve esta como recordação!

Eu tenho este quadro guardado até hoje com muito carinho!

Comentei com várias pessoas tanto em Rodeio como com meus parentes em BH sobre o meu achado e quando voltei para Belo Horizonte procurei um professor de belas artes na Galeria Guignard para ver se ele podia me ajudar, a saber, mais sobre a tela...

Queria saber de que ano ela era. Se era mesmo da época do renascimento! 

Lembro também de ir até Ouro Preto a procura de um professor que poderia me ajudar nessa questão.

Um professor me orientou que a primeira coisa que devia fazer seria datar a tela. Ele me disse que “existia um teste de Carbono 14” que era muitíssimo caro e ainda não se fazia no Brasil... Mas que eu poderia ter uma “ideia” da época da tela pela forma como ela se descascava...

 E me explicou como se faziam telas na época do renascimento. 

Tudo se encaixava: A tela se descascava como o professor havia me falado.

Liguei para o Natal e disse lhe para guardar em segurança aquela tela, era muito provável que aquela tela tivesse quase 500 anos.

Quando o Natal faleceu lembro-me de ter ligado para a Selma e lhe disse para guardar a tela em segurança... Era um objeto caro!

Quando me casei, carinhosamente Selma me presentou com umas xicaras de porcelana que eram do acervo do Natal.

Ocasionalmente conversando com as pessoas sobre alguma obra de arte eu falava que em Rodeio existia um Rafael... 

Era minha intuição... 

Deviam me achar no mínimo... Fantasiosa!

Durante bom tempo não tive noticias da tela...

Anos se passaram até que em 1993 minha tia Cema me ligou avisando para que eu visse uma reportagem que iria passar no “Fantástico”: Um médico, colecionador de arte, havia comprado à tela e depois de muitas pesquisas acreditava que a tela realmente poderia ser um autentico Rafael. 

Esse homem dedicou parte de sua vida a esta tela!

Torço para que ele consiga descobrir quem foi o autor de uma tela tão magnifica e continuo acreditando... É um Rafael autêntico!

Em 1993, quando soube que a Selma havia vendido à tela da Madona perguntei lhe sobre a outra tela... A do Cristo no Gólgota. Ela me disse que também havia sido vendida.

Ocasionalmente perguntava a um ou outro se tinham noticias da tela. Mas não ouvi nada... Nenhuma noticia. Só que estaria num cofre na Inglaterra.

Mês passado novamente me ligam avisando que o médico que comprou a tela da Madonna lançou seu livro que narra sua história com a tela que comprou. 

Imagino as dificuldades que teve e continua tendo para que o mercado “autentique” sua “Madona”. 

 Relembrando os fatos me veio hoje outra teoria, quem sabe se não for um Rafael pode ser um Bellini?

( Amauri Cadore, o proprietario atual da tela escreveu um livro que se chama "A Descoberta". Confesso que não consegui ler o livro. Continuo acreditando que ela é verdadeira e pelo que folheei não me parece que ele tenha conseguido provar que a tela é original. Um dia ainda lerei esta obra... Caso queiram maiores informações é só seguir este link : http://diariocatarinense.clicrbs.com.br/sc/variedades/noticia/2012/11/catarinense-diz-possuir-original-de-quadro-renascentista-e-lanca-livro-sobre-a-historia-3966680.html) 


domingo, 2 de dezembro de 2012

PRETO E BRANCO OU COLORIDO ?


Minha filha, na aparência puxou ao pai. Olhos e cabelos negros, uma menina linda, com traços bonitos e delicados.
Quando ela tinha três anos e meio nasceu o irmãozinho que “puxou a mim” com olhos claros e cabelos loiros. Ela ficou “um pouco” enciumada até que um dia ela chegou para mim e perguntou:
- Mãe, porque eu e meu pai somos “preto e branco” e você e o meu irmãozinho são “coloridos”?

Eu não entendi o que ela estava dizendo e pedi que me explicasse porque ela e o pai eram “preto e branco” e eu e o irmão “coloridos”?

- Ah! Mãe, você tem olhos verdes, cabelo amarelo, e boca rosa, vocês são coloridos já eu e o papai temos olhos negros, cabelos negros e pele branca, somos em “preto e branco”! Porque?

Me diga, como se explica genética para uma criança de três anos e meio?

A CAÇADA





Aquele barulho no meio da madrugada... Mudou a rotina da minha noite...
Meu filho bateu na porta do meu quarto... Assustado... Altas horas da madrugada... Me acordou! Estava ouvindo um barulho na sala de jantar!
- Maaãee! Tem algum bicho lá!
- Vai dormir filho, deve ser só uma lagartixa que com seu rabo encosta no fundo do armário e faz todo esse barulho!
- Ah... Mas não é lagartixa mesmo mãe!  Acorda e vem comigo! Vamos ver o que é!

Contrafeita, me levantei para procurar a bendita“lagartixa”.
Mexe daqui, empurra dali, cutuca, arreda, levanta, sacode e nada!
Mas nesse ato de vasculhar tudo percebi uns grãos de "cocôs" meio grandinhos para serem de lagartixa.
Comecei a ficar assustada quando vi meu pequeno “Buda” que vive sentado em cima de um pratinho de arroz, derrubado e o arroz todo espalhado...
- Nossa, filho... Acho que é rato mesmo! Bem que a vizinha falou que está dando rato por aqui!
- Ah seu rato ! Eu te acho! Seja você quem for esteje onde estiver !
E tornei a mexer, remexer, encostar e desencostar os móveis até que atrás do armário da sala eu consegui ver o protagonista! Estava estático! Olhos abertos brilhantes, patas curvadas à frente, com aquelas unhas... Aaaiiii! Cara de esperto... de quem foi pego em flagrante delito :

UM RATO!  CINZA! ENORME!

Assustada mas sem alternativa tive que começar a comandar a operação “pega o rato”.
- Filho, você fica aqui que eu vou buscar umas vassouras! Não saia daí, fique de olho nele pois se ele fugir a gente não acha mais... Pelo menos por hoje! E eu vou avisar também seu pai para não se assustar com o barulho que nós vamos fazer.

- Mãe, espera ai! Deixa que eu pego minha espingarda de chumbinho e dou uns tiros nele ele não escapa!

E lá foi ele sem nem esperar resposta procurar a bendita espingarda. Chega 5 minutos depois com uma espingarda de mira telescópica toda pronta para mirar no pobre coitado do rato que teve a infeliz ideia de invadir a nossa casa.

- Nossa! Esqueci o chumbinho! Espera que vou pegar o chumbinho!

E lá vai ele procurar em toda a casa o tal "chumbinho". Passam se longos minutos e nada de le achar os benditos... Nem unzinho!


Decepcionado, inconformado porem sem outra alternativa ele se conforma com a minha sugestão... caçar o rato com a vassoura!

 Ah! Uma vassoura! A Fiel arma das mulheres! Uma arma que convenhamos, é muito mais eficaz e prestativa que qualquer outro tipo de arma! Menos violenta, menos destruidora, sempre “a mão” e na maioria das vezes mais eficaz!

Vasculhei rapidamente nas minhas lembranças como se devia caçar ratos. É certo que tinha pouca experiência e a vassoura acabou sendo resposta... Era versátil e podia ser definitiva!
Vassoura na mão e...  Vamos lá: desentocar o rato.
Uma leve cutucada no local certo e o rato pulou para o chão e atravessou a sala. 
Juro, foi na velocidade da luz!
Meu corajoso filho na hora em que viu o rato correr para seu lado largou a vassoura e pulou em cima da janela, neste pulo conseguiu ser mais rápido que o rato! Um herói!
Com essa confusão toda eu não consegui ver para onde o “peste do rato” fugiu! Procuramos por toda a casa e nada... Ele simplesmente evaporou!
Ficamos sem saber se ele tinha ido embora, desistido de atacar nossa casa ou simplesmente se escondido em algum canto inacessível para nós humanos.
Olhamos pela janela e o sol já estava nascendo! Com sono e sem alternativa resolvemos ir dormir. Fomos cada um para seu quarto não sem antes vasculhar cada um o seu quarto, cutucar em todos os locais possíveis para ver se o tal roedor não havia se escondido por lá. Meu corajoso filho pegou sua cadela e por via das dúvidas deixou- a dormir no quarto com ele: Vai que o rato aparece... não é mãe ?
Fechamos as portas do quarto e fomos tentar dormir!
Pegar no sono foi um pouco difícil, qualquer movimento no quarto; o simples roçar dos lençóis me assustava! Por fim o sono venceu.
Acordei tarde e com o rato na cabeça... Quer dizer, pensando nele.
Tinha que decidir como dar “um fim” no rato.
Perguntei para alguns amigos o que devia fazer. Um amigo me sugeriu arranjar um gato! Essa sugestão foi prontamente recusada, pois eu tenho dois cães e pelo que sei a relação cães e gatos não é nada amistosa... Mesmo que ele caçasse meu rato o que eu faria depois com o gato?

- Gato! Sem chance! Vamos procurar outro método!

Passo seguinte foi ir até o mercado municipal em busca da velha e tradicional... Ratoeira!
Lá fomos... Eu e meu filho!
Será que elas ainda funcionam? Será mesmo que ainda existem? Tinha certeza que já deviam ter inventado coisa mais eficaz para a captura deste roedor mas qual não foi minha surpresa ao ver na loja dezenas de ratoeiras... Me assustei!  Se existem tantas ratoeiras é porque existem... MUITOS RATOS!
O dono da loja me fez algumas sugestões de como caçar o rato.

- Se a Senhora não quiser usar ratoeiras sugiro que use veneno de ratos. Tem um veneno que deixa ele sequinho... E não deixa cheiro.

- Maaãee, veneno nem pensar!

-Moço... temos duas cachorrinhas ! Vai que elas resolvam comer o veneno ou mesmo comer o rato envenenado... Não seu moço! Tem de ter outra solução.

- Bom, então temos a tradicional ratoeira ou essa outra, mais moderna, que é um papel com uma cola que a Sra. deixa no caminho do rato, ele passa e fica preso. Depois que ele estiver preso a Sra. mata o rato.

Drama! Já pensou? Eu ter que pegar aquele papel com o rato preso e ainda matar o bicho? Tudo bem que eu detesto rato, mas também não sou expert em matar ratos e nos cinemas eles são tão bonitinhos... Eu mesmo uso um “mouse” todos os dias...
Sem alternativa resolvemos levar os dois tipos de ratoeiras: a visguenta e a tradicional e ver no que ia dar.
Chegamos em casa e armamos as ratoeiras.
Meu marido sugeriu o óbvio: que colocássemos queijo nela, mas “deveríamos” dar uma “queimadinha” na pontinha do queijo para o “cheiro” ficar mais forte. Sugestão aceita o difícil foi decidir o local onde deixar as ratoeiras.
Ratoeiras armadas... Começamos a ficar de olho. Qualquer barulho na casa era minuciosamente analisado... mas nada do rato aparecer.
Chegou novamente à noite e continuávamos de olhos e ouvidos atentos.
 Portas fechadas para o rato não poder se locomover de um lugar para o outro!
Nada vimos durante a noite.
Dormimos mal... sabendo que tínhamos um intruso na nossa casa.
No dia seguinte, minha filha chegou!
Contamos para ela sobre o “visitante intruso” que tínhamos em casa e como toda “moça” fez cara e gritos de nojo:
- Um rato? Aqui em casa? Ai que nojo! Será que ele está no meu quarto? Tem certeza mãe?
Passado o primeiro susto começamos a fazer o que tínhamos que fazer e tínhamos muito, pois quando ela chega temos de fazer um monte de coisas com ela... É um corre corre o dia todo. Ver se o carro dela esta funcionando direitinho, compras no supermercado ... é um vai aqui, vai ali,  salão de beleza, roupas para lavar, quer comer a comida da mãe e... Ir ao shopping ... ufa é uma canseira !
Toda mãe sabe como se chega cansada em casa quando acompanhamos os filhos ao shopping. Isso não tem idade. É fato!
E cansadas chegamos em casa... inocentes... haviamos esquecido ... do rato!
- Mãe, agora que estamos chegando em casa vamos fazer um café porque eu tenho que estudar e o café me deixa acordada!
- Então tá filha, vá subindo na frente que eu vou pegando essas coisas aqui no carro e já entro. Vá pondo a água do café...
Estou subindo as escadas de casa quando ouço um grito.
Não, aquilo não foi um grito!
Não foi só um berro!
Não sei classificar!
Foi algo estridente, gutural, apavorado, estrondoso, ecoou por todo o quarteirão!

- AAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH !!!!!!!!!!!!!!!!!!

- UM  RAAAAAAAAAAATTTTTTTTTTTTTOOOOOOOOOO!!!!!!!

Meus ouvidos não estavam preparados para um som como aquele, mas meu cérebro estava! Não cheguei a me assustar. Deve ser porque lá no fundo o meu “cérebro” já sabia que isto poderia acontecer: ela ao entrar na cozinha viu o rato passar na sua frente.
Imediatamente dei voz de comando:

- Feche todas as portas, vamos trancar ele aqui na cozinha!

No mesmo instante trazidos pelo estrondoso grito dela  desceram até a cozinha o meu filho e sua namorada. Eles já imaginaram o que estava acontecendo. Chega logo em seguida o Renato nosso vizinho, guiado pelo grito de Mari, assustado, veio ver o que estava acontecendo.
Uma operação "de guerra" de seguiu.
 Decidi que não aceitaria interferências nessa captura!
 Eu ia caçar esse roedor!
Daquela cozinha ele não saia... vivo...
Armei todos com vassouras. Avisei para terem pontaria e perguntei para minha filha me dizer para onde o rato tinha corrido.
Pelos meus cálculos e “larga experiência em roedores” deduzi que ele havia se escondido entre as paredes do fogão.
LIGUEI O FORNO e esperei... digo esperamos

A reunião na cozinha foi ficou animada. Todos se preparando para a mira, até meu esposo desceu para ajudar na captura do rato... 
O forno esquentando e nada do rato sair... 
Arredamos o forno, abrimos portas, vasculhamos tudo... E nada.
Resolvemos postar a Luna e a Sissi ( nossas cachorras) à frente do fogão... 

Quem sabe agora?


De repente um silencio na cozinha. Todos estavam cansados de esperar e foi neste momento que o rato como um raio começou a correr pela cozinha. 

Corria feito um doido! Não... na realidade o rato chegou a voar!


As cenas que se seguiram foram mais que hilárias! Berros, pontarias desafiadoras, pulos mirabolantes, gritos ensurdecedores, e cenas tragicômicas... Nunca vi rato voar, mas esse voou, pulou, saltou, correu e voou... 
Deu olé em todo mundo.
Conseguiu assustar a todos. Colocou todo mundo de pernas para cima, ninguém ficou com os pés no chão.
Absolutamente ninguém! 
Minha filha e a namorada de meu filho conseguiram protagonizar a antológica cena de duas mulheres apavoradas, agarradas em cima de uma unica cadeira gritando, abraçadas e olhando uma para outra com uma cara de apavoradas.
Faltou alguém com uma câmera na mão! 
Foi uma revelação para mim o timbre e a altura que suas vozes foram capazes de alcançar!
Meu filho e o vizinho... não sei como "se alçaram no ar"  e lá ficaram levitando até que o rato se distanciasse deles.
Meu filho, tão rápido quanto um “flash” , assim que o rato se distanciou dele, saiu da cozinha e fechou a porta para se proteger. As vassouras foram todas para o chão... Somente eu tentava sem êxito acertar o "fdp" do rato que percorreu toda a cozinha, subiu na fruteira, deu uma baita pirueta, voltou para o chão, voou em direção de minha filha  e da namorada de meu filho... as duas agarradas em cima da cadeira gritando. A Luna, nossa cachorra, esperta, conseguiu pegar o rato com a boca, mas não sei se assustada com o seu feito ou com os nossos gritos soltou o roedor e o esperto do rato sem saída e sem que ninguém o pegasse resolveu voltar para um local mais silencioso... Atrás do fogão!
Decepção total! Cada um tentava se desculpar pela falta de coragem. Como assim? Medo de um rato? Isso se aceita em mulheres, mas nuns “bruta montes” como esses dois rapazes? Ah! Que vergonha! E você Luna e Sissi ? Que raio de caçadoras vocês são? Afinal porque os cães convivem com os homens? Não é para protege los?
Decepção total.
Enfim chegam também trazidos pela gritaria outro amigo de meu filho e minha vizinha. E a cozinha vai ficando com super lotação. 
A conversa na cozinha ficou animada. Discutimos o que fazer, como fazer... Meu marido me aconselha a desligar o fogão, afinal ele não quer que o tal rato morra assado e fique dentro do fogão. Ele não esta com disposição de no dia seguinte ter de ir comprar um fogão novo...
Eu insisto... O forno fica ligado. O rato vai sair ou vai torrar!
Mas ele não sai e isto me intriga...
- Esse rato já tem de estar tostado... Não é possível!
Me agacho para procurar no vão do fogão (embutido) alguma pista.  É quando vejo uma ponta dependurada... Uma cauda? Será?
- Deve ser o rabo do rato!
Ponho luvas de borracha, protejo com vários sacos plásticos e me armo de coragem e puxo com toda a força... o rabo do rato !
Sai o rato... Inteiro! Grande! Cinza!
O nosso herói... meu filho... vendo o rato na minha mão acerta uma vassourada no pobre coitado que voa da minha mão e se estatela no chão, mas ele já esta morto! Não sei se da mordida da Luna ou do calor do fogão.
Vitoriosa porem com rapidez recolho o bicho num saco e o jogo no lixo... Não queria nem ver...Claro... Senti pena dele... Mas não dá para conviver nem com ratos nem com pombos! Essa coisa de rato bonitinho é só nos filmes da Disney... Rato é sujo, traz doença, já matou meia humanidade!
Não tem perdão!
Demos boas gargalhadas com os nossos corajosos heróis...
Hoje, se Deus quiser, Vamos dormir tranquilos... Acho que sem ratos...
Aquele meu amigo que me sugeriu o gato me disse:
- Nunca é só um rato... São vários...
Será?

sábado, 29 de setembro de 2012

Minha mãe me ligou indignada... 
- De onde você tirou a idéia que seu pai e eu fomos para a  Lua de Mel de caminhão?

A gente passa tanto tempo com nossos pais que acreditamos saber quase tudo da vida deles. Ledo engano, é só alguem pedir para contarmos algo sobre eles e percebemos que sabemos muito pouco.

E então ela me contou!

Janeiro 1957

Iam se casar no dia 19 de janeiro, meu pai já estava em Rodeio. Eis que uma amiga de minha mãe, Cacilda Ostrosky chega até ela e lhe diz:
- Miriam, como vamos fazer? Vamos nos casar no mesmo dia! Temos os mesmos padrinhos! Eles não poderão comparecer nas duas festas, uma de nós tera de mudar a data!

Meu pai não se fez de rogado. Imediatamente resolveu o problema e antecipou a data: 16 de janeiro, em plena quarta feira, quebrando a tradição.
Após a festa dormiram na casa de minha mãe e no dia seguinte foram de avião para o Rio de Janeiro e se hospedaram no 20 andar do Copacabana Palace. Lá passaram dois dias, passeando com um amigo que lá morava e no domingo, agora sim... de caminhão, foram para Juiz de Fora onde tinham alugado um apartamento.






Porque Coelhos e Ovos São Símbolos da Páscoa?

            ( Por: Dóris Bonini) Existem muitas explicações sobre "ovos" e "coelhos" como símbolos da Páscoa mas,  para ...