domingo, 2 de dezembro de 2012

A CAÇADA





Aquele barulho no meio da madrugada... Mudou a rotina da minha noite...
Meu filho bateu na porta do meu quarto... Assustado... Altas horas da madrugada... Me acordou! Estava ouvindo um barulho na sala de jantar!
- Maaãee! Tem algum bicho lá!
- Vai dormir filho, deve ser só uma lagartixa que com seu rabo encosta no fundo do armário e faz todo esse barulho!
- Ah... Mas não é lagartixa mesmo mãe!  Acorda e vem comigo! Vamos ver o que é!

Contrafeita, me levantei para procurar a bendita“lagartixa”.
Mexe daqui, empurra dali, cutuca, arreda, levanta, sacode e nada!
Mas nesse ato de vasculhar tudo percebi uns grãos de "cocôs" meio grandinhos para serem de lagartixa.
Comecei a ficar assustada quando vi meu pequeno “Buda” que vive sentado em cima de um pratinho de arroz, derrubado e o arroz todo espalhado...
- Nossa, filho... Acho que é rato mesmo! Bem que a vizinha falou que está dando rato por aqui!
- Ah seu rato ! Eu te acho! Seja você quem for esteje onde estiver !
E tornei a mexer, remexer, encostar e desencostar os móveis até que atrás do armário da sala eu consegui ver o protagonista! Estava estático! Olhos abertos brilhantes, patas curvadas à frente, com aquelas unhas... Aaaiiii! Cara de esperto... de quem foi pego em flagrante delito :

UM RATO!  CINZA! ENORME!

Assustada mas sem alternativa tive que começar a comandar a operação “pega o rato”.
- Filho, você fica aqui que eu vou buscar umas vassouras! Não saia daí, fique de olho nele pois se ele fugir a gente não acha mais... Pelo menos por hoje! E eu vou avisar também seu pai para não se assustar com o barulho que nós vamos fazer.

- Mãe, espera ai! Deixa que eu pego minha espingarda de chumbinho e dou uns tiros nele ele não escapa!

E lá foi ele sem nem esperar resposta procurar a bendita espingarda. Chega 5 minutos depois com uma espingarda de mira telescópica toda pronta para mirar no pobre coitado do rato que teve a infeliz ideia de invadir a nossa casa.

- Nossa! Esqueci o chumbinho! Espera que vou pegar o chumbinho!

E lá vai ele procurar em toda a casa o tal "chumbinho". Passam se longos minutos e nada de le achar os benditos... Nem unzinho!


Decepcionado, inconformado porem sem outra alternativa ele se conforma com a minha sugestão... caçar o rato com a vassoura!

 Ah! Uma vassoura! A Fiel arma das mulheres! Uma arma que convenhamos, é muito mais eficaz e prestativa que qualquer outro tipo de arma! Menos violenta, menos destruidora, sempre “a mão” e na maioria das vezes mais eficaz!

Vasculhei rapidamente nas minhas lembranças como se devia caçar ratos. É certo que tinha pouca experiência e a vassoura acabou sendo resposta... Era versátil e podia ser definitiva!
Vassoura na mão e...  Vamos lá: desentocar o rato.
Uma leve cutucada no local certo e o rato pulou para o chão e atravessou a sala. 
Juro, foi na velocidade da luz!
Meu corajoso filho na hora em que viu o rato correr para seu lado largou a vassoura e pulou em cima da janela, neste pulo conseguiu ser mais rápido que o rato! Um herói!
Com essa confusão toda eu não consegui ver para onde o “peste do rato” fugiu! Procuramos por toda a casa e nada... Ele simplesmente evaporou!
Ficamos sem saber se ele tinha ido embora, desistido de atacar nossa casa ou simplesmente se escondido em algum canto inacessível para nós humanos.
Olhamos pela janela e o sol já estava nascendo! Com sono e sem alternativa resolvemos ir dormir. Fomos cada um para seu quarto não sem antes vasculhar cada um o seu quarto, cutucar em todos os locais possíveis para ver se o tal roedor não havia se escondido por lá. Meu corajoso filho pegou sua cadela e por via das dúvidas deixou- a dormir no quarto com ele: Vai que o rato aparece... não é mãe ?
Fechamos as portas do quarto e fomos tentar dormir!
Pegar no sono foi um pouco difícil, qualquer movimento no quarto; o simples roçar dos lençóis me assustava! Por fim o sono venceu.
Acordei tarde e com o rato na cabeça... Quer dizer, pensando nele.
Tinha que decidir como dar “um fim” no rato.
Perguntei para alguns amigos o que devia fazer. Um amigo me sugeriu arranjar um gato! Essa sugestão foi prontamente recusada, pois eu tenho dois cães e pelo que sei a relação cães e gatos não é nada amistosa... Mesmo que ele caçasse meu rato o que eu faria depois com o gato?

- Gato! Sem chance! Vamos procurar outro método!

Passo seguinte foi ir até o mercado municipal em busca da velha e tradicional... Ratoeira!
Lá fomos... Eu e meu filho!
Será que elas ainda funcionam? Será mesmo que ainda existem? Tinha certeza que já deviam ter inventado coisa mais eficaz para a captura deste roedor mas qual não foi minha surpresa ao ver na loja dezenas de ratoeiras... Me assustei!  Se existem tantas ratoeiras é porque existem... MUITOS RATOS!
O dono da loja me fez algumas sugestões de como caçar o rato.

- Se a Senhora não quiser usar ratoeiras sugiro que use veneno de ratos. Tem um veneno que deixa ele sequinho... E não deixa cheiro.

- Maaãee, veneno nem pensar!

-Moço... temos duas cachorrinhas ! Vai que elas resolvam comer o veneno ou mesmo comer o rato envenenado... Não seu moço! Tem de ter outra solução.

- Bom, então temos a tradicional ratoeira ou essa outra, mais moderna, que é um papel com uma cola que a Sra. deixa no caminho do rato, ele passa e fica preso. Depois que ele estiver preso a Sra. mata o rato.

Drama! Já pensou? Eu ter que pegar aquele papel com o rato preso e ainda matar o bicho? Tudo bem que eu detesto rato, mas também não sou expert em matar ratos e nos cinemas eles são tão bonitinhos... Eu mesmo uso um “mouse” todos os dias...
Sem alternativa resolvemos levar os dois tipos de ratoeiras: a visguenta e a tradicional e ver no que ia dar.
Chegamos em casa e armamos as ratoeiras.
Meu marido sugeriu o óbvio: que colocássemos queijo nela, mas “deveríamos” dar uma “queimadinha” na pontinha do queijo para o “cheiro” ficar mais forte. Sugestão aceita o difícil foi decidir o local onde deixar as ratoeiras.
Ratoeiras armadas... Começamos a ficar de olho. Qualquer barulho na casa era minuciosamente analisado... mas nada do rato aparecer.
Chegou novamente à noite e continuávamos de olhos e ouvidos atentos.
 Portas fechadas para o rato não poder se locomover de um lugar para o outro!
Nada vimos durante a noite.
Dormimos mal... sabendo que tínhamos um intruso na nossa casa.
No dia seguinte, minha filha chegou!
Contamos para ela sobre o “visitante intruso” que tínhamos em casa e como toda “moça” fez cara e gritos de nojo:
- Um rato? Aqui em casa? Ai que nojo! Será que ele está no meu quarto? Tem certeza mãe?
Passado o primeiro susto começamos a fazer o que tínhamos que fazer e tínhamos muito, pois quando ela chega temos de fazer um monte de coisas com ela... É um corre corre o dia todo. Ver se o carro dela esta funcionando direitinho, compras no supermercado ... é um vai aqui, vai ali,  salão de beleza, roupas para lavar, quer comer a comida da mãe e... Ir ao shopping ... ufa é uma canseira !
Toda mãe sabe como se chega cansada em casa quando acompanhamos os filhos ao shopping. Isso não tem idade. É fato!
E cansadas chegamos em casa... inocentes... haviamos esquecido ... do rato!
- Mãe, agora que estamos chegando em casa vamos fazer um café porque eu tenho que estudar e o café me deixa acordada!
- Então tá filha, vá subindo na frente que eu vou pegando essas coisas aqui no carro e já entro. Vá pondo a água do café...
Estou subindo as escadas de casa quando ouço um grito.
Não, aquilo não foi um grito!
Não foi só um berro!
Não sei classificar!
Foi algo estridente, gutural, apavorado, estrondoso, ecoou por todo o quarteirão!

- AAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH !!!!!!!!!!!!!!!!!!

- UM  RAAAAAAAAAAATTTTTTTTTTTTTOOOOOOOOOO!!!!!!!

Meus ouvidos não estavam preparados para um som como aquele, mas meu cérebro estava! Não cheguei a me assustar. Deve ser porque lá no fundo o meu “cérebro” já sabia que isto poderia acontecer: ela ao entrar na cozinha viu o rato passar na sua frente.
Imediatamente dei voz de comando:

- Feche todas as portas, vamos trancar ele aqui na cozinha!

No mesmo instante trazidos pelo estrondoso grito dela  desceram até a cozinha o meu filho e sua namorada. Eles já imaginaram o que estava acontecendo. Chega logo em seguida o Renato nosso vizinho, guiado pelo grito de Mari, assustado, veio ver o que estava acontecendo.
Uma operação "de guerra" de seguiu.
 Decidi que não aceitaria interferências nessa captura!
 Eu ia caçar esse roedor!
Daquela cozinha ele não saia... vivo...
Armei todos com vassouras. Avisei para terem pontaria e perguntei para minha filha me dizer para onde o rato tinha corrido.
Pelos meus cálculos e “larga experiência em roedores” deduzi que ele havia se escondido entre as paredes do fogão.
LIGUEI O FORNO e esperei... digo esperamos

A reunião na cozinha foi ficou animada. Todos se preparando para a mira, até meu esposo desceu para ajudar na captura do rato... 
O forno esquentando e nada do rato sair... 
Arredamos o forno, abrimos portas, vasculhamos tudo... E nada.
Resolvemos postar a Luna e a Sissi ( nossas cachorras) à frente do fogão... 

Quem sabe agora?


De repente um silencio na cozinha. Todos estavam cansados de esperar e foi neste momento que o rato como um raio começou a correr pela cozinha. 

Corria feito um doido! Não... na realidade o rato chegou a voar!


As cenas que se seguiram foram mais que hilárias! Berros, pontarias desafiadoras, pulos mirabolantes, gritos ensurdecedores, e cenas tragicômicas... Nunca vi rato voar, mas esse voou, pulou, saltou, correu e voou... 
Deu olé em todo mundo.
Conseguiu assustar a todos. Colocou todo mundo de pernas para cima, ninguém ficou com os pés no chão.
Absolutamente ninguém! 
Minha filha e a namorada de meu filho conseguiram protagonizar a antológica cena de duas mulheres apavoradas, agarradas em cima de uma unica cadeira gritando, abraçadas e olhando uma para outra com uma cara de apavoradas.
Faltou alguém com uma câmera na mão! 
Foi uma revelação para mim o timbre e a altura que suas vozes foram capazes de alcançar!
Meu filho e o vizinho... não sei como "se alçaram no ar"  e lá ficaram levitando até que o rato se distanciasse deles.
Meu filho, tão rápido quanto um “flash” , assim que o rato se distanciou dele, saiu da cozinha e fechou a porta para se proteger. As vassouras foram todas para o chão... Somente eu tentava sem êxito acertar o "fdp" do rato que percorreu toda a cozinha, subiu na fruteira, deu uma baita pirueta, voltou para o chão, voou em direção de minha filha  e da namorada de meu filho... as duas agarradas em cima da cadeira gritando. A Luna, nossa cachorra, esperta, conseguiu pegar o rato com a boca, mas não sei se assustada com o seu feito ou com os nossos gritos soltou o roedor e o esperto do rato sem saída e sem que ninguém o pegasse resolveu voltar para um local mais silencioso... Atrás do fogão!
Decepção total! Cada um tentava se desculpar pela falta de coragem. Como assim? Medo de um rato? Isso se aceita em mulheres, mas nuns “bruta montes” como esses dois rapazes? Ah! Que vergonha! E você Luna e Sissi ? Que raio de caçadoras vocês são? Afinal porque os cães convivem com os homens? Não é para protege los?
Decepção total.
Enfim chegam também trazidos pela gritaria outro amigo de meu filho e minha vizinha. E a cozinha vai ficando com super lotação. 
A conversa na cozinha ficou animada. Discutimos o que fazer, como fazer... Meu marido me aconselha a desligar o fogão, afinal ele não quer que o tal rato morra assado e fique dentro do fogão. Ele não esta com disposição de no dia seguinte ter de ir comprar um fogão novo...
Eu insisto... O forno fica ligado. O rato vai sair ou vai torrar!
Mas ele não sai e isto me intriga...
- Esse rato já tem de estar tostado... Não é possível!
Me agacho para procurar no vão do fogão (embutido) alguma pista.  É quando vejo uma ponta dependurada... Uma cauda? Será?
- Deve ser o rabo do rato!
Ponho luvas de borracha, protejo com vários sacos plásticos e me armo de coragem e puxo com toda a força... o rabo do rato !
Sai o rato... Inteiro! Grande! Cinza!
O nosso herói... meu filho... vendo o rato na minha mão acerta uma vassourada no pobre coitado que voa da minha mão e se estatela no chão, mas ele já esta morto! Não sei se da mordida da Luna ou do calor do fogão.
Vitoriosa porem com rapidez recolho o bicho num saco e o jogo no lixo... Não queria nem ver...Claro... Senti pena dele... Mas não dá para conviver nem com ratos nem com pombos! Essa coisa de rato bonitinho é só nos filmes da Disney... Rato é sujo, traz doença, já matou meia humanidade!
Não tem perdão!
Demos boas gargalhadas com os nossos corajosos heróis...
Hoje, se Deus quiser, Vamos dormir tranquilos... Acho que sem ratos...
Aquele meu amigo que me sugeriu o gato me disse:
- Nunca é só um rato... São vários...
Será?

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