sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Uma Faxina Diferente

Meu pai à cabeceira da mesa com amgios da familia. 


Era um tempo diferente... Pelo menos para mim e acho que para minhas irmãs tambem.
Todos os dias, tínhamos que almoçar e jantar todos juntos, reunidos em volta da mesa, e assim foi por muitos anos.

Na nossa mesa, todos os dias, no almoço e na janta, nunca faltou o azeite (virgem, de oliva), o queijo, o pão e o vinho.

Meu pai não era um homem de “luxo”, mas nos dizia que vinho se toma em taça, como o café se toma em xicaras... E ponto!

Esse luxo ele fazia questão.

Claro, ele era italiano! Legitimo!

Havia os vinhos para os dias da semana, eram vinhos mais simples, que ele comprava em garrafão de 5 litros e nos fazia engarrafar em garrafas menores. Esse vinho era consumido com moderação durante a semana.

Nunca vi meu pai bêbado... Ah! Estou mentindo... vi somente uma vez em que voltamos da festa de casamento de um primo. Ele estava um pouco alterado e na volta, já em casa foi para o quintal, deitou no banco de pedra e ficou olhando a lua... Só me lembro desta vez!

Para os fins de semana ele reservava os vinhos mais caros!

Eu sempre fui muito magra e uma das preocupações de meus pais era que eu engordasse um pouco. Para isto me fizeram tomar todos os tipos de remédios recomendados na época e nada adiantou.
Uma das estratégias para me manterem bem alimentada era bater um ovo cru com açúcar e vinho no liquidificador. Era o famoso “zambayone” e eu tinha de tomar pela manha. Tenho certeza que hoje em dia este atitude é tida como politicamente incorreta, pois eu só tinha 11 anos.
Não, não virei alcoólatra, bebo pouquíssimo, menos que o chamado socialmente.

Meu pai, já por tradição, sabia que o vinho era um ótimo alimento e me lembro de criança ainda,com meus 6 ou 7 anos, ele permitia a mim e minhas irmãs, que bebêssemos vinho misturado com água e açúcar... Refrigerantes? Nem pensar!

Uma das primeiras coisas que uma nova empregada doméstica aprendia em nossa casa era colocar a taça de vinho (de cristal) ao lado do prato. Ela logo aprendia que tambem no tempero das carnes, nos risotos etc... tínha que acrescentar um pouco de vinho.

 Era um tempo onde o consumo do vinho não era tão comum como é hoje em dia e quando a  empregada era nova sempre ficava impressionada com a importância que dávamos ao vinho.

 Num determinado dia, minha mãe (que ainda tem sotaque de “catarinense”), antes de sair para ir à cidade, pediu a nova empregada (Judite) que esfregasse o piso da sala de jantar:

-  Judite, este piso está muito sujo. Dê uma boa esfregada nele. Jogue “vim” e dê uma caprichada no chão !

Ao voltar da cidade, assim que passou pela sala de jantar, minha mãe sentiu um forte cheiro de vinho. Olhou para o chão e viu que ele estava com uma cor avermelhada. Achou estranho e pensou que alguma garrafa de vinho havia se quebrado e que o liquido havia se esparramado pela sala. Chamou pela empregada e perguntou para ela o que havia acontecido. Judite então respondeu:

- Ué D. Miriam, fiz como a senhora pediu! Esfreguei o chão com “vinho”!

- Mas Judite, eu falei para você esfregar o chão com “vim” não com “vinho”!

- Ah D. Miriam! Bem que eu achei estranho, mas como nessa casa vocês usam vinho para tudo entendi que era para esfregar tambem o chão com vinho!

E caíram as duas na risada!

Acho que poucas pessoas tiveram o chão de suas casas esfregadas com vinho!


quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Não se come ouro...

Meu pai me contou...

Ele nasceu na Italia, antes da segunda Guerra Mundial e chegou a participar dela.

Ele era filho de camponeses e  faziam seus queijos, seus vinhos, seus salames, sua manteiga com o leite que tiravam das vacas e das cabras.  Plantavam e colhiam, cardavam, teciam e tingiam a lã. Do que sobrava faziam compotas para guardar para o tempo do inverno.

 A manteiga e o salame eles vendiam na feira da cidade.

 Ele me contou que antes da guerra ele ia vender a manteiga na feira e as "senhoras mais ricas" chegavam para comprar e queriam experimentar a manteiga... Ele contou que sentia nojo, pois as "ricas senhoras", raspavam sua longa unha na manteiga e colocavam na boca para sentirem o sabor. Depois criticavam: ora insonsa, ora salgada, ora passada, ora sem gordura... Nunca estava boa.

 Na verdade era uma artimanha para baixar o preço... 

Bom, eis que chega a Segunda Guerra Munidal e com ela a dificuldade de se encontrar alimentos.

 As mesmas senhoras que antes criticavam, agora batiam na porta da casa dele para pedirem "pelo amor de Deus"  qualquer pedaço de manteiga, salame, queijo ou compota... estavam sem ter do que se alimentar... 

Como ele dizia : Não adianta ter ouro se não se tem o que comer... não se come ouro !

Não ´é ?

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

KRAMPUS - UMA LENDA DO DIABO NO NATAL EUROPEU



No dia 6 de janeiro, melhor dizendo, durante todo o mês de dezembro, aqui no Brasil,  as Folias de Reis e as Pastorinhas percorrem as casas cantando e homenageando o menino Jesus que nasceu.

Acompanha a Folia de Reis os chamados : Palhaços, Marungos, Bastiões ...

Enfeitados com sua máscaras eles são sempre um figura curiosa nesta tradição.
Os  “palhaços” são os soldados romanos que se vestiram assim para despistar o Rei Herodes que queria matar o menino Jesus.

 As máscaras, segundo alguns,  representam  uma coisa demoníaca: o diabo; assassino do menino Jesus, mas Jesus os converte no decorrer da história e pelo menos aqui no Brasil elas ( as máscaras)  não tem este cunho maléfico.

Na tradição alpina, no Sul do Tirol, na Áustria, Baviera, Friuli e Venezia Giulia, Bolzano ( Itália), podemos observar uma tradição bastante similar.  Lá o nosso “ Papai Noel” é conhecido como “ São Nicolau” e ele vem acompanhado de uma figura  demoníaca e que atualmente esta ficando bem conhecida aqui no Brasil : KRAMPUS.

Krampus aparece no Natal, no periodo do advento e até o dia 6 de janeiro e tem a tarefa de punir as crianças que não se comportaram durante o ano. Ele é considerado a antítese do Papai Noel.

Sua origem se perde no tempo,  mas segundo os  pesquisadores esta tradição está associada  a  rituais pagão ( provavelmente celtas): a eterna luta entre o bem e o mal e, que foram adaptadas ao cristianismo  ou talvez a uma outra  tradição do “Solsticio de Inverno”.

O Nome “Kramp” quer dizer: morto, podre, passado,  mas tambem é conhecido como : diabo.

Na Europa, durante o período da Inquisição o rito do Krampus foi proibido por estar relacionando ao demônio,  porem a tradição resistiu em alguns vales remotos no Norte da Itália.

Conta a lenda que em épocas de fome alguns jovens das aldeias nas montanhas,  se vestiram com penas, chifres e peles de animais. Ficaram irreconhecíveis,  e sairam para aterrorizar os habitantes das aldeias vizinha roubando lhes a comida estocada para os rigorosos invernos.
Mascarados os  jovens não se reconheciam entre si e foi então  que o próprio diabo se aproveitou da situação para se misturar entre eles. Foi finalmente reconhecido por causa de suas “pernas de cabra”. Os jovens então, pediram ajuda ao  Bispo Nicolau:

- que ele exorcizasse tal  criatura demoníaca! 

O Diabo foi derrotado por São Nicolau e então os jovens puderam continuar a sair nas ruas fantasiados, porem não mais para roubar e saquear mas para levar presentes ou “bater nas crianças desobedientes”.


As primeiras noticias que se temos da tradição de São Nicolau visitar casas e fazendas para proteger as crianças, remontam ao século XVII. Proibido durante a inquisição, retornaram em meados do século XIX com desfiles oficiais e corridas.


Os “ Krampus” são homens-cabras, selvagens, perturbadores da ordem e  que perambulam pelas ruas em busca das crianças desobedientes.  O rosto sempre  coberto por uma mascara assustadora ,geralmente feitas de madeira e “cartapesca”. Suas roupas são rasgadas e desgastadas.  Vagando pelas ruas da cidade, Krampus faz muito barulho: urrando, gritando, ou fazendo estardalhaço com sinos e chifres.

Krampus vem sempre acompanhado do bispo, São Nicolau que o derrotou.

Somente homens podem se disfarçar de Krampus! Apesar de tambem existir o feminino de Krampus, a “Krampa” ela será com , um homem, com trajes de mulher, se fazendo passar por uma “Krampa”.

Assim como nossos palhaços da Folia de Reis, é um privilégio e uma obrigação ser um Krampus.

Só pode se tornar um Krampus quem nasceu na cidade e é solteiro.  Os homens casados não podem ser Krampus e os carros alegóricos e fantasias só podem ser enfeitados e manipulados  por homens solteiros.

Outra regra básica é que eles nunca podem ser vistos sem a mascara! Caso alguém veja seu rosto este homem ficará desonrado!



Acompanhado de São Nicolau que vem vestido de vermelho, Krampus chega vestido de preto, visitando as crianças em suas casas e em festas que  reúne diversas famílias e entidades religiosas. 

As crianças que se comportaram, recebem presentes, porem as  desobedientes recebem um pedaço de carvão. Todos tem de tomar cuidado com  a ira de Krampus, que armado com um pequeno chicote tenta açoitar as pernas daqueles que vai encontrando no caminho ou mesmo manchando seus rostos com cinzas.

 São Nicolau, sempre presente, tenta apaziguar essa ira, porem ao por do sol, São Nicolau se recolhe e Krampus fica livre para percorrer sem controle as ruas da cidade.
As cores desta festa são o preto e o vermelho !




Porque Coelhos e Ovos São Símbolos da Páscoa?

            ( Por: Dóris Bonini) Existem muitas explicações sobre "ovos" e "coelhos" como símbolos da Páscoa mas,  para ...