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Meu pai à cabeceira da mesa com amgios da familia. |
Era um tempo diferente... Pelo menos para mim e acho que para minhas irmãs tambem.
Todos os dias, tínhamos que almoçar e jantar todos juntos, reunidos em volta da mesa, e assim foi por muitos anos.
Na nossa mesa, todos os dias, no almoço e na janta, nunca faltou o azeite (virgem, de oliva), o queijo, o pão e o vinho.
Meu pai não era um homem de “luxo”, mas nos dizia que vinho se toma em taça, como o café se toma em xicaras... E ponto!
Esse luxo ele fazia questão.
Claro, ele era italiano! Legitimo!
Havia os vinhos para os dias da semana, eram vinhos mais simples, que ele comprava em garrafão de 5 litros e nos fazia engarrafar em garrafas menores. Esse vinho era consumido com moderação durante a semana.
Nunca vi meu pai bêbado... Ah! Estou mentindo... vi somente uma vez em que voltamos da festa de casamento de um primo. Ele estava um pouco alterado e na volta, já em casa foi para o quintal, deitou no banco de pedra e ficou olhando a lua... Só me lembro desta vez!
Para os fins de semana ele reservava os vinhos mais caros!
Eu sempre fui muito magra e uma das preocupações de meus pais era que eu engordasse um pouco. Para isto me fizeram tomar todos os tipos de remédios recomendados na época e nada adiantou.
Uma das estratégias para me manterem bem alimentada era bater um ovo cru com açúcar e vinho no liquidificador. Era o famoso “zambayone” e eu tinha de tomar pela manha. Tenho certeza que hoje em dia este atitude é tida como politicamente incorreta, pois eu só tinha 11 anos.
Não, não virei alcoólatra, bebo pouquíssimo, menos que o chamado socialmente.
Meu pai, já por tradição, sabia que o vinho era um ótimo alimento e me lembro de criança ainda,com meus 6 ou 7 anos, ele permitia a mim e minhas irmãs, que bebêssemos vinho misturado com água e açúcar... Refrigerantes? Nem pensar!
Uma das primeiras coisas que uma nova empregada doméstica aprendia em nossa casa era colocar a taça de vinho (de cristal) ao lado do prato. Ela logo aprendia que tambem no tempero das carnes, nos risotos etc... tínha que acrescentar um pouco de vinho.
Era um tempo onde o consumo do vinho não era tão comum como é hoje em dia e quando a empregada era nova sempre ficava impressionada com a importância que dávamos ao vinho.
Num determinado dia, minha mãe (que ainda tem sotaque de “catarinense”), antes de sair para ir à cidade, pediu a nova empregada (Judite) que esfregasse o piso da sala de jantar:
- Judite, este piso está muito sujo. Dê uma boa esfregada nele. Jogue “vim” e dê uma caprichada no chão !
Ao voltar da cidade, assim que passou pela sala de jantar, minha mãe sentiu um forte cheiro de vinho. Olhou para o chão e viu que ele estava com uma cor avermelhada. Achou estranho e pensou que alguma garrafa de vinho havia se quebrado e que o liquido havia se esparramado pela sala. Chamou pela empregada e perguntou para ela o que havia acontecido. Judite então respondeu:
- Ué D. Miriam, fiz como a senhora pediu! Esfreguei o chão com “vinho”!
- Mas Judite, eu falei para você esfregar o chão com “vim” não com “vinho”!
- Ah D. Miriam! Bem que eu achei estranho, mas como nessa casa vocês usam vinho para tudo entendi que era para esfregar tambem o chão com vinho!
E caíram as duas na risada!
Acho que poucas pessoas tiveram o chão de suas casas esfregadas com vinho!
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