quinta-feira, 2 de abril de 2020

Uma Sã Desobediencia com a Cura das Maças


Neste tempo de covid 19 eu acabei me lembrando de uma historia da infância de meu pai que ele sempre nos contava.
Para os que não me acompanham, eu esclareço que ele nasceu no Norte da Itália, num pequeno lugarejo chamado Palú na comunidade de Caiolo, Província de Sondrio, Lombardia, região atualmente assolada drasticamente pela pandemia do Covid 19.
Eu não sei bem em que data... Acredito que tenha sido em 1937 ou 1938, quando ele tinha por volta de 13 anos de idade que o lugarejo foi acometido por um surto de tifo e muitas pessoas ficaram doentes e várias morreram.
Meu pai assim como alguns amigos também adoeceu de “tifo”. Ficou tão doente que achavam que ele iria morrer. Todos os sintomas vieram muito fortes. Deste período  ele só se lembrava da febre e de seus pais muito preocupados com seu estado:
“febre alta, persistente e difícil de controlar, dor de cabeça muito forte, prostração. Com o agravamento do quadro, eles evoluem para delírio e estupor (inconsciência profunda)."(2)
Enfim depois de vários dias a febre foi embora e ele recobrou a consciência e começou a sentir uma fome e uma sede brutal, mas  seus pais não o deixavam comer ou beber, restringiram drasticamente sua alimentação. Na verdade essa era a crença naquele tempo: Após a febre o convalescente não podia se alimentar pois o tifo é um tipo de infecção intestinal que lesa muito o intestino. Assim, para proteger o doente ele restringiam a alimentação daqueles que apresentavam uma melhora. Hoje sabemos que o excesso dessa restrição alimentar neste período causou a morte de muitas pessoas que podiam ter sobrevivido.
E isso estava acontecendo com aquele menino... Meu pai.
Ele já havia superado a febre, a pior fase da doença mas, agora, a sede e a fome o estavam matando. Era questão de dias, poucos dias.
Seus pais eram colonos. Moravam numa pequena, modesta e típica casa da região, ou seja: A casa tinha um sótão onde colocavam para secar o excedente das colheitas que tinham e durante o surto de tifo o sótão estava cheio de... MAÇAS! Deliciosas maças secando no sótão. O aroma descia pela tosca e íngreme escada e perfumava a pequena casa.
Enlouquecido pela fome e pela sede ele não resistiu e  desobedeceu as recomendações do médico e de seus pais. Esperava a noite chegar e todos irem dormir e no silencio da noite, o fraco menino se arrastava até o sótão onde se fartava de comer maças: uma, duas, três, dez maças e depois de saciado ele retornava feliz para a sua cama, em silencio, não contando sua aventura para ninguém.
Assim começou a dormir durante o dia e a noite voltava ao sótão para se saciar de maças.
Os dias foram passando e ele se recuperando e então sob recomendação médica começaram a lhe dar sopa e agua... Enfim...ele se recuperou.
Só contou a historia das maças para seus pais depois de passado muito tempo. Para nós  suas filhas, ele contava essa historia rindo e não entendia bem o porque ele se “safou” do tifo. 
Já era avô quando ele contou essa historia a um médico. Esse médico lhe disse que na verdade essa sua desobediência de comer as maças que lhe salvou a vida pois elas lhe forneceram agua e possuiam os nutrientes necessário, ideais para  sua recuperação.
Maças como sabemos hoje são ótimas para o intestino... E o salvou.
Uma sã desobediência...
Ele dizia então: Que foi a Cura das Maças


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