segunda-feira, 28 de julho de 2014

Freddo e Polenta


"E giá che sole non há, 
facciamo una bella polenta!
Gialla i calda come il sole !
Una fortaia ligera, tante toche di formaggi brustolat,
insieme a due o tre guatti nel burro...
Eco, adesso si... la notte fredda diventa bella!"





sábado, 28 de junho de 2014

O Brasil foi um dos paises que recebeu o maior numero de imigrantes italianos

Casa em Trento, Itália.
Pertenceu a Antonio Moser, imigrante italiano que a vendeu
quando veio para o Brasil - 1875 
"O Brasil foi um dos países que recebeu o maior número de migrantes italianos. 

Um dos fatores que proporcionou esta grande demanda foi à política de colonização baseada na lei de terras de 1850, que incentivou a imigração. 

O estado (império) passa a reafirmar o poder sobre as terras devolutas, e declara extinta a lei de doações de terras através de sesmarias. 

No caso do Rio rande do Sul, houve uma imigração formada por pequenos núcleos (pequena propriedade).

 Em São Paulo os imigrantes italianos substituíram a mão-de-obra escrava nas grandes plantações.

 O interesse do estado em modificar as estruturas da sociedade brasileira, recorrendo aos povos europeus para cultivar a pequena propriedade não agradou aos grandes proprietários de terras. 

Os mesmos temiam um confronto com o novo modelo de propriedade. (BONI, 1984, p. 23)

Trecho retirado da monografi de graduação de Joselaine Aparecida Garlet Tura em :

quarta-feira, 23 de abril de 2014

A Viagem Marítima ( Imigraçao Italiana - Trentinos)

Imigrantes (1875) e seus primeiros filhos nascidos no Brasil. Em pé : Antonio Dee Pin ( de Luigi), Massemino Moser ( de Nicolà), Antonio Tonet ( de Francesco), Benniamino Fruet ( de Valentino), Germano Depiné ( de Carlo), Luiggi Sardagna. Sentados : Giovanni Battista Fiamoncini ( nonno Titi - de Bernardo, Nicola Moser, Giovanni Tonet, Valentino Fruet, Giacomo Furlani. 
“As viagens por mar eram tristíssimas, dolorosas. Os navios deviam comportar 300 pessoas; no entanto era normal o amontoamento de até 800 pessoas. Crianças e velhos morriam doentes, fragilizados, consumidos. Os imigrantes vinham “enlatados como sardinhas”, tudo em função do lucro perseguido pelos agentes da imigração, famintos de suas comissões financeiras. Vinham aglomerados em “buracos de ratos”, no dizer dos próprios imigrantes, ou em “ninhos de aves” (Grosselli), disputando o espaço com animais, o que contribuía para disseminar e acelerar as epidemias em plena travessia. Casos de infecções várias, estados febris agudos, atingiam crianças e adultos. Velhas feridas se complicavam e se reabriam exalando o seu odor pútrido, e que fatalmente se transformariam depois nas dolorosas erisipelas (zipra, rosapila, assim como as constantes icterícias ( mal zald), que atingiria dezenas de pessoas. Mulheres grávidas davam à luz, esposas desesperadas atiravam-se nos braços dos maridos suplicando que retornasse. Pouco a pouco, mais e mais mortes ocorriam. Os que morriam eram “ensacados” e jogados no mar; às vezes com os corpos ainda quentes, iam direto para as bocas dos peixes. Os trentinos, por serem muito católicos, organizavam o funeral religioso, rezando e cantando para “elevar ao céu” as almas que partiam deste mundo para sempre. As tempestades e o calor do Equador, a comida escassa, a “nostalgia”, eram fatores que acresciam ainda mais o sofrimento pela perda dos entes queridos, formando-se o pânico no íntimo dos pobres imigrantes diante das tragédias que se sucediam impiedosas. De acordo com a legislação francesa, só havia médicos e remédios nos navios que partiam de Marselha e Le Havre; para os que embarcavam em porto italiano não havia essa providência, porque a lei italiana não previa. A travessia durava 30 dias em média, com navios a vapor. Com navios a vela a viagem podia durar até 60 dias. Também podia ocorrer, às vezes, o retorno ao porto de embarque quando as embarcações  apresentavam avarias, ou desvios de rota por causa dos ventos,  ou perda do destino, como no caso do veleiro “Gabriella”.
As crianças que nasciam nos navios eram registradas no Brasil. No registro oficial eram inscritos apenas os chefes de família e os solteiros. Eles eram conduzidos até as hospedarias com todos os familiares, no aguardo do seu destino final. Na lista de recepção dos imigrantes de 1875 verifica-se uma forte incidência de nomes tiroleses – a maioria agricultores, entre os quais carpinteiros, alfaiates, ferreiros, jardineiros, mineiros, maquinistas, marceneiros, fabricantes de carros, de tijolos, um ou outro cozinheiros, agrimensor, carroceiro, envernizador e molineiro. Isto nos dá suporte à tese de que nem todos eram analfabetos ou desqualificados. Essas profissões sugerem que a leva trazia gente com determinados conhecimentos, com fundamentos básicos de escola ou de técnica italiana.
( Trecho do livro : Histórias e Memórias de Rodeio, Iracema Maria Moser Cani – Ed. Uniasselvi

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Fazenda do Fidalgo e os Candogueiros / Candombe - Capela de Santana - Sumidouro - Lagoa Santa - MG




Frequentei a “Fazenda do Fidalgo” no sumidouro desde inicio da década de 1970.

Quando eu conheci a "Fazenda do Fidalgo" ela se parecia com qualquer casa de fazenda mineira, antiga e precisando de conservação. Simples, com suas janelas de madeira e grandes portas. O piso de madeira estava em péssimo estado  e por baixo dele as vezes (muitas vezes) encontravamos cobras e escorpiões.
 Nos fundos da casa da fazenda uma outra escada dava acesso a um grande pátio. 
Foi nessa escadinha que passei horas conversando  com “Sinhaninha”, uma ex-escrava da fazenda. Segundo me contaram ela havia nascido na época da promulgação da lei do ventre livre (1871)  mas como seus pais eram escravos ela também teve de ficar na fazenda até completar maioridade. Ela ficou ali para sempre! Na época diziam que ela tinha mais de 100 anos de idade.
Foi ali, neste terreiro que aprendi com a “Moreira”, descendente de escravos, a preparar o autentico leitão a pururuca. E foi ali também que ouvi centenas de histórias entre elas a de que a fazenda fôra a casa de “Borba Gato”, e que também fôra ali , naquela cruz que avistávamos lá adiante, que “D.Rodrigo”, o Fidalgo da corte portuguesa, estaria enterrado. Borba Gato o assassinara, pois ele queria saber do paradeiro das minas de esmeralda que seu sogro “Fernão Dias” havia encontrado e escondido.
Ali ouvi histórias e estórias de tesouros enterrados, fantasmas de escravos,traiçoes, maldições e... óvnis.
Tenho diversas recordações e histórias que me contaram da fazenda. Sempre tive curiosidade de saber se todas as histórias eram verdadeiras. Anos se passaram e hoje estudiosos estão colocando suas pesquisas sobre o local na internet.
Em 1982 documentei uma festa onde o “candombe" se apresentou. Depois da cerimonia religiosa teve “arrasta pé” até a madrugada. Tudo isso em frente a “Capela de Santana” na Fazenda do Fidalgo em Lagoa Santa. Por anos achei que as fotos tivessem se perdido. Hoje eu as encontrei.
A festa era sempre no mês de julho, dia de “Santana”. Durante a semana que antecedia o dia de Santana faziam novenas, com rezas cantadas na capela. Na sexta feira começavam as barraquinhas. Em certos anos o Candombe apareceu por lá. Não sei de onde veio mas sei que foi animado. Depois das rezas sempre tinha o leilão onde reram disputados os “frangos recheados”, leitoas assadas, e os famosos  cartucho (canudos” cheios de amendoim glaceados) ou quadradinhos de doce de leite.
As fotos abaixo são de um Candombe que veio homenagear Santana!
Lembro me de alguém comentar que naquela época já era difícil eles se apresentarem... Imediatamente corri e peguei uma máquina fotográfica e documentei a festa

Eles vinham pela estrada...cantando e dançando. Andaram um bom pedaço em terra batida, tocando seus tambores e seus “guizos”.A bandeira de Santana vinha na frente, os tambores atrás juntamente com o “Mestre” e uma procissão os seguia. Alguem abriu a porteira da fazenda e se dirigiram para o portão da Capela de Santanna. A festeira os aguardava na entrada, e lá mesmo beijou a bandeira. Todos entraram para a Capela onde teve inicios as rezas. No fim todos se dirigiram para uma construção nos fundos da Capela e lá todos podiam dançar e cantar.
Não me esqueço dos sons estridentes das cantigas... Moreira cantava a “pleno pulmões” assim como outras mulheres das redondezas.

Na Capela até aquela época existia ainda uma Biblia com uma inscrição que dizia que a primeira missa rezada na capela foi em 1775 ( pelo menos é essa data que eu me lembro... será? )



A Bandeira de "N.Sra de Santana" chega na Fazenda do Fidalgo.
O Mestre



A Festeira abre o portão do adro da Capela e beija a bandeira .

Depois da reza, num galpão ao lado
 da Capela a festa continua por toda
 a noite.

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

HISTÓRIAS E MEMÓRIAS DE RODEIO

A Escritora Iracema Moser Cani em seu livro “Histórias e Memórias de Rodeio” relata muitos dos costumes dos imigrantes italianos vindo da região de Trento que chegaram na cidade de Rodeio - SC

As casas dos imigrantes estavam sempre limpas porem existiam ocasiões onde se caprichava mais nesta limpeza como na  véspera da Páscoa e no  Natal.

 Nestas ocasiões se fazia “o dia da bugada”. Era uma faxina que se fazia em toda a casa. Lavavam e ferviam todas as  talheres, as cortinas eram lavadas, panos eram fervidos. Os móveis eram todos desencostados de seu lugar habitual e eram encerados. Era uma faxina geral!

“era um trabalho gigantesco... tudo era lavado ou exposto ao sol: roupas, cobertores, colchoes, travesseiros.  A louça era fervida numa composição de água, cinza e soda, a chamada “lìscia”...
 Os talheres, as panelas de alumínio eram esfregados à base de sabão, cinza e areia.
A mesma  “lìscia” era depois reutilizada pra esfregar o fogão ( de lenha), as mesas e as tábuas de madeira do chão da cozinha...”

As tradições italianas eram passadas  oralmente de pai para filho e durante uma época permaneceram invioláveis. 
As escolas da época possuíam poucos livros didáticos da antiga escola italiana porem na época da campanha nacionalizadora que aconteceu no Brasil muitos livros escritos em “Lingua italiana” foram queimados e somente alguns deles foram escondidos.


“Atualmente, em Rodeio, o dialeto é falado regularmente em locais públicos, na rua, nos bares, no mercado, mas sobremaneira na intimidade dos lares”.

Lembranças do Natal : Panetones, Peru e Surpresa Michelon

Ainda não era um costume mito difundido  aqui no Brasil mas na casa de meus pais não me lembro de um Natal ou Ano Novo sem os    “Panetones Bauduco  “ e o ” Peru do Evaristo”.



Na época do Natal já estávamos acostumados a ganhar todos os anos o “peru do Evaristo” !
Meu pai era um bom cliente da firma de auto peças “Evaristo Comolatti” e no dia 23 de dezembro,  por anos ininterruptos,  chegava dentro de uma geladeira de isopor um grande e enorme peru!
O Peru do Evaristo!
Nem nos preocupávamos em comprar um peru para a ceia do NATAL... o Peru era garantido!











Brincávamos também  que minha irmã mais nova deveria ter nascido com cara de Panetone ou  de um  vinho, o  “Surpresa Michelon”; pois minha mãe se deliciou fartamente com a dupla no final da gravidez.









Na época do Natal os preparativos começavam no mês de julho quando os representantes passavam na firma de meu pai para pegarem as encomendas dos Panetones que ele anualmente e religiosamente encomendava para distribuir para os amigos e empregados nas festas de fim de ano.


Era um corre corre essa  época de natal. Comprávamos  as “cestas de vime” e montávamos as mesmas a fim de presentear os empregados  e amigos da família e da empresa .

 Cada cesta era personalizada e dentro dela além de vinho, panetone, nozes, amêndoas, chocolates etc... ainda ia um presente especifico para cada filho do presenteado.


Certo Natal eu e minha irmã ficamos indignadas pois ele  havia comprado vários “radinhos de pilha” e “mini bonecas” ( novidade na época) para presentear os funcionários  e não sobrou nenhum para nós duas.

Ao ver minha mãe montando as cestas e “encerrando” dentro delas as bonecas e os radinhos de ilha o meu coração doía e minha mente se revoltava... Como ele era capaz de distribuir tantos radinhos e bonecas e não me dar nenhum ?  Foi uma decepção,  mas, enfim,  na noite de Natal eu e minha irmã ganhamos também nossa “mini boneca” e nosso “radinho de pilha”.

 Além do panetone meu pai também encomendava cestas pré montadas com os produtos da “Cica”.

Naquele ano,  final da  década de 70, ele resolveu se antecipar à  entrega das cestas e por isso foi um dos primeiros a fazer a encomenda dos  “Panetone  Bauduco”.
Acredito que no começo do  mês de Novembro ele tenha recebido  sua encomenda e logo no inicio de dezembro começou  a distribuir as cestas de natal que exigiam uma logística muito bem planejada para serem entregues aos seus destinatários.
 As cestas eram distribuídas para Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo e vários locais em Belo Horizonte.
Lembro  dele chegando em casa e dizendo que enfim naquele ano ele estava mais tranquilo pois era dia 15 de dezembro e ele já havia entregue todas as cestas.
Vã ilusão...
No dia seguinte  ao termino das entregas ele resolveu abrir um panetone e viu que estava mofado. Ele abriu outro e novamente mofado... e assim ele encontrou vários... todos mofados!
Constrangido mas sem outra alternativa ele começou a ligar para alguns amigos que tinham recebido o Panetone e pediu a eles que abrissem os panetones  e constatou que quase todos estavam  mofados.

Contrariado e com muita raiva ligou para a fábrica e fez a reclamação. A fábrica imediatamente constatou o fato e sem demora resolveu reenviar para  meu pai mais... 200 panetones de 1 kg !

Não havia mais tempo para distribuir os panetones novamente e  naquele ano comemos e distribuímos panetones até o final do mês de março!

Não aguentávamos mais ver Panetone !






Filastroche

Essa aprendi com meu pai. Me lembro de pequena sentada sobre seus joelhos ou mesmo sobre seus pés. Ele me segurava com as duas mãos e fazia como se estivesse cavalgando um cavalo. A brincadeira começava devagarinho mas depois o cavalo saia em disparada... O ritmo dos pés ou dos joelhos acompanhavam a musica.

"Trót, Trót, cavalót,
La maqueja stá sem trót,
Tróta ben, tróta, mal,
tróta, tróta il asinót "

( Não consegui descobrir nenhuma outra filastroche como essa. Talvez minha memória tenha me enganado, mas é assim que me lembro. Não sei o que significa "maqueja" mas para mim soava como se fosse "menina")

"Trota, trota, cavalinho,
A menina está sem "trotar",
Trota bem, trota mau,
trota, trota o burrinho"

Porque Coelhos e Ovos São Símbolos da Páscoa?

            ( Por: Dóris Bonini) Existem muitas explicações sobre "ovos" e "coelhos" como símbolos da Páscoa mas,  para ...