Ainda não era um costume mito difundido aqui no Brasil mas na casa de meus pais não me lembro de um Natal ou Ano Novo sem os “Panetones Bauduco “ e o ” Peru do Evaristo”.
Meu pai era um bom cliente da firma de auto peças “Evaristo Comolatti” e no dia 23 de dezembro, por anos ininterruptos, chegava dentro de uma geladeira de isopor um grande e enorme peru!
O Peru do Evaristo!
Nem nos preocupávamos em comprar um peru para a ceia do NATAL... o Peru era garantido!
Brincávamos também que minha irmã mais nova deveria ter nascido com cara de Panetone ou de um vinho, o “Surpresa Michelon”; pois minha mãe se deliciou fartamente com a dupla no final da gravidez.
Na época do Natal os preparativos começavam no mês de julho quando os representantes passavam na firma de meu pai para pegarem as encomendas dos Panetones que ele anualmente e religiosamente encomendava para distribuir para os amigos e empregados nas festas de fim de ano.
Era um corre corre essa época de natal. Comprávamos as “cestas de vime” e montávamos as mesmas a fim de presentear os empregados e amigos da família e da empresa .
Cada cesta era personalizada e dentro dela além de vinho, panetone, nozes, amêndoas, chocolates etc... ainda ia um presente especifico para cada filho do presenteado.
Certo Natal eu e minha irmã ficamos indignadas pois ele havia comprado vários “radinhos de pilha” e “mini bonecas” ( novidade na época) para presentear os funcionários e não sobrou nenhum para nós duas.
Ao ver minha mãe montando as cestas e “encerrando” dentro delas as bonecas e os radinhos de ilha o meu coração doía e minha mente se revoltava... Como ele era capaz de distribuir tantos radinhos e bonecas e não me dar nenhum ? Foi uma decepção, mas, enfim, na noite de Natal eu e minha irmã ganhamos também nossa “mini boneca” e nosso “radinho de pilha”.
Além do panetone meu pai também encomendava cestas pré montadas com os produtos da “Cica”.
Naquele ano, final da década de 70, ele resolveu se antecipar à entrega das cestas e por isso foi um dos primeiros a fazer a encomenda dos “Panetone Bauduco”.
Acredito que no começo do mês de Novembro ele tenha recebido sua encomenda e logo no inicio de dezembro começou a distribuir as cestas de natal que exigiam uma logística muito bem planejada para serem entregues aos seus destinatários.
As cestas eram distribuídas para Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo e vários locais em Belo Horizonte.
Lembro dele chegando em casa e dizendo que enfim naquele ano ele estava mais tranquilo pois era dia 15 de dezembro e ele já havia entregue todas as cestas.
Vã ilusão...
No dia seguinte ao termino das entregas ele resolveu abrir um panetone e viu que estava mofado. Ele abriu outro e novamente mofado... e assim ele encontrou vários... todos mofados!
Constrangido mas sem outra alternativa ele começou a ligar para alguns amigos que tinham recebido o Panetone e pediu a eles que abrissem os panetones e constatou que quase todos estavam mofados.
Contrariado e com muita raiva ligou para a fábrica e fez a reclamação. A fábrica imediatamente constatou o fato e sem demora resolveu reenviar para meu pai mais... 200 panetones de 1 kg !
Não havia mais tempo para distribuir os panetones novamente e naquele ano comemos e distribuímos panetones até o final do mês de março!
Não aguentávamos mais ver Panetone !
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